quinta-feira, outubro 19, 2006

David contra Golias

Liga dos Campeões é um espectáculo de futebol fantástico. Emoção, angústia, desespero, esperança, nervosismo, alegria, euforia, indignação, revolta, deleite e gozo, tudo se mistura neste jogo de magia. Ontem o “puto” Sporting recebeu o gigante Bayern München. Sendo o resultado final o que interessa, tendo a derrota sempre um sabor a fel e a vitória um sabor a mel, a verdade é que há diferenças também entre ganhar mal e perder bem. Atente-se no contraste entre a magra vitória do Sporting ao Estrela da Amadora, ao jeito de “vamos lá a despachar isto”, 3 pontos conseguidos sem brilho, a fazer lembrar tantas vitórias do FC Porto cujas justificações se limitavam à experiência, ao “jogar para os pontos” à “matreirice” e nunca ao bom futebol; ganhámos, mas o jogo é para esquecer, nada o fará recordar (excepção ao golo de Tonel), ao contrário, a derrota de ontem será lembrada, pela vivacidade, pelo querer, que a equipa demonstrou, transmitindo empolgamento e fazendo o público acreditar que chegar ao empate era possível. Pode-se criticar estes “estados de alma”, mas penso que quem vive o futebol compreende perfeitamente aquilo que quero dizer. A vitória contra o Amadora é indiscutível, e perdemos vontade de a comentar; a derrota contra os bávaros acontece mas não devia ter sido assim, e será assunto para tertúlias intermináveis.

E tudo começou a ser demasiado negro; no primeiro quarto de hora a nossa baliza esteve à mercê, pelo menos 3 vezes (uma delas um penalty cometido por Caneira que só o árbitro não viu) e quando apareceu o golo de Schweinsteiger a bater Ricardo (mais uma vez) a promessa de um pesadelo pairava no estádio. Mas este Sporting é feito de uma cepa pouco vulgar e devagarinho foi reagindo até alterar completamente o sentido do jogo, ainda na 1ª parte. Paulo Bento apresentou laterais “novos”, Caneira à direita, Tello à esquerda, no meio 100% “made in Alvalade” com Veloso, Moutinho, Nani e Martins (um regresso) e a melhor dupla atacante: Liedson e Alecsandro. E foi sobretudo após duas jogadas de Martins que o andamento do jogo começou a mudar: Moutinho pegou na batuta, e com ritmo elevado, a equipa apresentou os seus grandes argumentos: roubar espaços pressionando o meio-campo contrário, posse de bola em futebol apoiado, de passe curto, grande envolvimento, obrigando a defesa do Bayern a ceder cantos atrás de cantos. Verdadeiramente tivemos uma oportunidade de chegar à igualdade, que já se justificava, num remate de Liedson a que correspondeu Oliver Kahn, “o velho” com uma defesa do outro mundo. Íamos para intervalo com confiança que o golo acabaria por chegar. No recomeço, expulsão do Schwein… por falta sobre Yannick que entrara no lugar de Martins, e com as suas arrancadas iria causar estragos, mas desperdiçar a oportunidade de ficar como o grande herói do jogo. Estes 2ºs quarenta-e-cinco minutos foram de domínio intenso do Sporting. Até aos 10’ do final, atacámos sem perder a cabeça, a toda a largura do terreno e, embora poucas, tivemos oportunidades de facturar tendo Polga a mais flagrante num remate ao poste. Arriscámos muito, apenas com um defesa quando Tonel se tornou “poste” no meio da muralha germânica e os laterais estavam no ataque.

Posso dar os parabéns quando a equipa perde? A resposta foi dada pelo público que aplaudiu longamente a equipa no final da partida. Indiscutível é o Sporting ter a “garra de leão” que lhe permite lutar pelo resultado sempre, um esquema em que qualquer jogador do plantel se enquadra, uma competitividade interna pela titularidade, em suma uma boa equipa de futebol. O que falta para ser uma grande equipa de futebol? Como diria P. Barbosa, falta ganhar a Liga dos Campeões, acrescento eu. Quando? Em breve.

Os jogadores: Liedson está em baixo de forma. Marcado, mal na recepção e no passe, demora a atingir o rendimento que fez dele, incontestavelmente o melhor ponta-de-lança a actuar na Liga Portuguesa: onde está o grande pequeno Liedson? Alecsandro é para mim o avançado ideal para fazer dupla com Liedson. P. Bento substitui-o (não concordei) e ele fez falta em comparação com o trapalhão do Bueno. O brasileiro é forte na disputa de bola, tem intencionalidade no passe e precisa de mais confiança: ser titular em jogos consecutivos. Nani não tem estado tanto em jogo. O “puro-sangue” é indomável, mas só apareceu em meia dúzia de jogadas, pouco para o seu potencial. Martins, ao contrário do prometido na pré-época, apareceu com os tiques de vedetismo intoleráveis: quando perde uma jogada de ataque não faz a imediata recuperação para o seu lugar, ficando a lamentar-se enquanto o adversário sobe. É um bom meio-campo mas P. Bento tem que “lhe abrir os olhos”: ou se integra no espírito da equipa ou… não tem lugar. Moutinho foi ontem op melhor jogador: patrão da equipa é ele que pauta os ritmos, ataca, defende, dá uma segurança táctica difícil de igualar. Continua a crescer e será (espero) o grande capitão. Velosos é igualmente um campeão. Também não gostei da substituição, compreendo que Paredes tem que ter minutos de competição mas a equipa perdeu o ferrolho do meio campo, exemplar na recuperação e no 1º passe de Veloso.
Yannick é outro puto de sangue na guelra. Parece uma “enguia” a ultrapassar os gigantes e teve, por duas vezes o golo nos pés. Bem lançado por Paulo Bento e possibilidade forte para a titularidade. Os laterais estiveram bem, aumentando a dúvida sobre Abel e Ronny. Caneira subiu bem e a sua experiência a defender é fundamental. Tello mostra-se confiante, tendo conduzido inúmeros ataques. Tonel e Polga mantem-se a alto nível, sobretudo Polga que está a jogar a um nível muito alto. Ricardo dificilmente podia (?) ter defendido o remate, e no inicio provocou alguns calafrios. Mas bem nas saídas e a recolocar a bola em jogo.

Segue-se o jogo contra o FC Porto. Será que vão pagar a factura?

2 Comments:

Blogger El Coelhone said...

se há alguma factura para pagar, quem a vai pagar vai ser o Estrela da Amadora, porque não anda nada bem e prevejo que vá ser cilindrado pelos vermelhuscos, só para que estes fiquem um bocadinho mais iludidos a pensar que são uma boa equipa e assim agunetam mais um bocadinho o engenheiro e pronto todos bem... de resto não há facturas a pagar.
vai ser o grande jogo :)

quinta-feira, outubro 19, 2006 11:53:00 da tarde  
Blogger Alex said...

Como diz um velho ditado : o futebol são 11 contra 11 e no fim, ganham os alemães.
Caro Coelhone, as ilusões existem em todo o lado, não se iluda :)
Saúdinha

sábado, outubro 21, 2006 1:17:00 da manhã  

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