Estados de espírito
Neste momento, em que apenas falta o FC Porto - Sp. Braga para terminar a 21ª jornada, já se pode dizer que ocorreu uma revolução na tabela classificativa.
Meses continuados a ouvir a nossa comunicação social a tecer loas ao Benfica e a desvalorizar o Sporting deixaram-nos um pouco impreparados para a situação actual: o Sporting está em segundo lugar!
O que justifica estas reviravoltas sensacionais na classificação?
- Manifesto incremento da competitividade do campeonato português, consolidado nos últimos anos (só a valia de Mourinho permitiu disfarçar esse aspecto quando ele cá estava);
- O futebol é um jogo de carácter lúdico e não uma ciência exacta (é tão óbvio que por vezes nos esquecemos...);
- Os estados de espírito.
Isso mesmo, os estados de espírito. Esse aspecto tão esquecido mas que me parece que esta semana emergiu. Vejamos:
O Sporting está altamente moralizado depois da excelente vitória na Luz da semana passada. Esta jornada houve factores extra que aumentaram mais ainda as "ganas" dos sportinguistas levarem de vencida o Nacional: os resultados dos 3 últimos jogos entre as duas equipas (vitórias do Nacional), os "casos" Paulo Assunção e Adriano e as patéticas afirmações de Rui Alves durante uma semana. Exemplo claro de um Presidente de clube abrir a boca para motivar os adversários. Alves é mesmo um incontinente, como El Ranys tão bem referiu algures por aqui...
O Benfica estava altamente moralizado até se ter deparado com uma equipa de miúdos, lembram-se, na semana passada? A partir daí deixaram de valer o que fosse.
Luisão foi gozado;
Simão mandou umas farpas para o balneário (é tão escanifobética a história do sogro responsável pelos conteúdos do site pessoal de Simão que nem vale a pena mais comentários que não seja só o seguinte: obrigado, Simão, que me permitiste escrever "escanifobética" que é uma palavra de que gosto muito e que julgo que nunca tinha escrito. Obrigado);
Nuno Assis foi apanhado dopado;
... esta semana foi uma semana horribilis para o plantel benfiquista. E a próxima não promete ser melhor, com o Nacional a deslocar-se à Luz...
O início da segunda volta não tem sido bom para o FC Porto.
Penso que a derrota na Amadora foi comprometedora para o élan dos portistas. Seguiu-se uma vitória sem brilho com a Naval, por 1-0, em casa, com um auto-golo, e um empate a zero em Vila do Conde. Ou seja, em 3 jogos, 1 golo marcado (na tal derrota).
A revolução que se vive no balneário, da qual a marca mais emblemática é Baía no banco e Paulo Assunção com a braçadeira de capitão, tem afectado o grupo de trabalho. Porém, julgo que o que tenha abalado mais a equipa terá sido a agressão bárbara e estúpida de um grupo de energúmenos a Co Adriaanse.
Na minha opinião, o que faz uma equipa ganhar ou perder é o espírito de grupo e não a qualidade dos jogadores. O trabalho do treinador é fundamentalmente direccionado para o grupo e para o trabalho em equipa. É isso que faz com que José Mourinho seja o melhor treinador do Mundo. É isso que faz com que Co Adriaanse não seja grande espingarda.
Por vezes, o estado de espírito de uma equipa é destruído por factores externos. O que se passou no Sporting de Peseiro foi, exactamente, isso: num jogo difícil, que o Sporting venceu (1-0 com o V. Setúbal), os adeptos leoninos desataram a assobiar e a reclamar. Não mais seria possível contar com o apoio do público - não com Peseiro.
3 Comments:
Excelente análise.
Concordo inteiramente.
O Futebol tem muito a ver com estados de espirito. As equipas campeãs são as mentalmente mais fortes. Veja-se o caso das equipas de Mourinho.
E é evidente que a grande diferença entre o Sporting de Peseiro e o de P. Bento é a força psicológica que P. Bento soube incutir.
E naturalmente que as vitórias tornam tudo mais fácil. Mas tudo muda rapidamente, vidé exemplo do Benfica.
Vamos ver quem aguenta melhor esta guerra !
Saúdinha
Cada vez mais insisto que não são os bons jogadores que fazem uma boa equipa mas sim uma boa equipa que "faz" os bons jogadores. O futebol é sobretudo um jogo, em que os adversários estão bem preparados e sabem jogar. Para além da sorte, o "espírito de corpo" que algumas equipas conseguem atingir e que marca a diferença, depende de vitórias. E assim se fecha o "círculo": vitórias fazem balneário, e claro, balneário dá vitórias. É simples, não?
Enviar um comentário
<< Home