domingo, fevereiro 04, 2007

Fintar o destino: estamos candidatos

Um quarto de hora do fim. A derrota surgia inapelável. Após tantas vezes “morrermos na praia” não acreditava que desta vez seria diferente. Até o penalty, Liedson falhara, não havia hipótese. Sporting na mó de baixo.
No entanto, a equipa estava a fazer um bom jogo. Dando razão à euforia que se vivia em Alvalade, devido ao resultado dos outros (0-0, Benfica na Luz, 0-1, Porto no Dragão) ninguém acreditava que não ganhássemos à nossa “besta negra”, o Nacional, e a equipa como que confirmou, fazendo 10’ de bom nível com Yannick desde logo a mostrar que estamos já diante de uma verdadeira pérola. Rápido com a bola e sem ela, deu aos ataques do Sporting uma vivacidade e criatividade que têm andado ausentes. Mas não houve golo. O Nacional treinado por um dos bons treinadores portugueses, o Carlos Brito é uma boa equipa de futebol: sabe defender, atacar e controlar o jogo. Acabaria por inaugurar o marcador, fazendo com que um frio gelado invadisse subitamente o estádio, ainda antes da meia-hora. O ritmo de jogo continuava de construção de ataque do Sporting e, agora com maior controle dos madeirenses. A continuar a jogar e a produzir ataques, com tranquilidade, o golo acabaria por aparecer, pensei. Mas tranquilidade, é uma palavra, o difícil é implementar o seu significado. E Carlos Martins e Nani não demonstraram saber fazê-lo. A falta de confiança que se gera de fora para dentro, sempre nestas situações ameaçava o pior. O intervalo chegou com o resultado desfavorável.
No futebol só os golos contam. Aquilo que se faz para os obter depende muito do resultado que se verifica em cada momento. Já manifestei a minha opinião, que é mais difícil jogar em futebol de ataque continuado, (também defendendo) quando “se corre atrás do prejuízo”, do que jogar a favor do resultado, controlando e aproveitando os espaços nos ataques rápidos. Mérito há sempre para quem está a ganhar, ao intervalo e fora, e logo mérito inquestionável dos da Madeira.
O que se exigia do Sporting? Sobretudo não desistir. Sem a chamada sorte do jogo, era necessário sacudir esta fatalidade. E no segundo tempo continuei a acreditar, a equipa fazia-me acreditar, mesmo quando tinha que defender e pressionar o adversário. Nunca vi desunião nem falta de espírito de equipa. Isso só vi nas bancadas. Paulo Bento mexe. E arrisca: Yannick recua, Bueno entra como ponta de lança plantado na área (sai Martins), e entra Pereirinha para o miolo (por Tonel, já com o amarelo), alterando por completo o meio-campo. Veloso recua para a posição de central e Moutinho fica, ainda mais, a organizar todo o jogo do Sporting. Adulto, (a jogar à mais de 50 jogos) Moutinho, ainda assim impressiona pelo ritmo, força, esclarecimento e certeza no passe: é o nosso capitão, espero pelos próximos anos.
A diferença entre ganhar e perder, no futebol é por vezes tão ténue; se tivéssemos um golo, não desperdiçássemos mais oportunidades tudo podia ainda virar. Encurtar significativamente a distância ao líder FC Porto e a resposta rápida à ultrapassagem do Benfica estava à mercê: bastava ganhar. E, em jeito de expoente máximo de emotividade, temos à hora de jogo, um penalty a nosso favor (forçado, erro do árbitro). Com o falhanço de Liedson, ao estilo de Beckham, deixei de acreditar, (verdadeiramente só ficou aquela esperança “espúria”). Como sempre o futebol surpreendia “tragicomicamente”. O Benfica iria ganhar 1 ponto a Sporting e Porto.
Pessoas saíram do estádio. O manto pesado da tristeza, mágoa e revolta era abafador. Sempre esta fatalidade.
Paulo Bento inventou: faltavam pouco mais de 20’ e, “aproveitando” uma lesão de Tello altera a táctica: 3-4-3. Os três centrais, com Caneira à direita e Veloso à esquerda, Polga no meio, e três avançados, pois Romagnoli fez subir Yannick. O tudo por tudo.
Um quarto de hora do fim. A derrota surgia inapelável.
Mas que quinze minutos! 5 golos, à média de 0.3 golos/minuto, fez o delírio de Alvalade. Bueno, um panzer, saltou com tudo para fazer o golo do empate (em falta que até no Estádio se viu, no maior erro da arbitragem), fez o 2º numa magnifica jogada de envolvimento com Romagnoli a assistir, o 3º é uma obra-prima naquele chapéu-alto de calcanhar de Liedson, o quarto, o culminar de um contra-ataque com uma primorosa assistência de Yannick para Bueno fazer o hat-trick e o fecho de ouro, com Liedson a dar a Bueno, “El loco” a oportunidade de brilhar como nunca, tirar o guarda-redes do caminho, desviar dois defesas e com o pé esquerdo fazer o poker, 4 golos!
Afinal a sorte madrasta não estava connosco. Grande vitória, a dar motivação extra e a pressionar enormemente o Porto. Este sobe-e-desce de emoções é o espectáculo do futebol. É verdade que estávamos na mó de baixo, como dizia o Alex. Agora somos candidatos reais. E, após jogos fracos (em Belém foi muito mau) espero que a equipa se mantenha fiel à sua personalidade: disputar cada jogo como se uma verdadeira final. Só assim se luta pelo título. E nós bem o sabemos, porque nos últimos 3 anos, fomos nós que lutámos até ao fim, sem nunca o ganhar, mas já temos cada vez mais experiência, pese embora a juventude da equipa. Pereirinha não engana e pode ter um peso fundamental nesta equipa. Yannick nas suas “amarelas” pode vir muito em breve a tornar-se um caso muito sério. Para mim foi ontem o melhor jogador do Sporting, tirando o caso excepcional de Bueno, que provou ser também uma boa opção. Próxima jornada (após a Taça, que queremos estar nos quartos de final após Pinhanovense) será com o Paços, de amargas memórias. Já não perdem no seu estádio há mais de um ano. Mas por aqui passa o título. O Benfica visitará o Nacional, enquanto o Porto recebe a Naval. Entretanto terão as competições na Europa.

1 Comments:

Blogger Futebol de Ataque said...

Queremos convidar todos aqueles que gostam de futebol e de blogs de futebol a visitarem a nossa página e comentarem a nova imagem do blog Futebol de Ataque (http://futeboldeataque.blogspot.com).

Esperamos ser do agrado de todos.

Obrigado

segunda-feira, fevereiro 05, 2007 9:33:00 da manhã  

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