domingo, março 18, 2007

Deixem-nos sonhar...




O leão entrava no Dragão com a espada sob o pescoço. Consequência dos maus resultados (empates em Leiria, na recepção ao Aves!! com o Paços, e mesmo no Bessa) que nos deixaram o título longe como uma miragem. A vitória contra o FC Porto seria a única forma de ainda manter viva a esperança… e, contra todas as expectativas, impusemos a grande personalidade de uma equipa, ainda em crescimento, e arrancámos os valiosos 3 pontos, no Dragão! Há dez anos que não o conseguíamos. Obrigado, mister Paulo Bento, não só por acreditar, mas também por demonstrar que vale a pena fazer bem aquilo que deve ser bem feito, mesmo quando as coisas não correm bem, manter-se fiel aos rumos traçados. Só assim se formam as grandes equipas. E nós, a massa associativa, estamos orgulhosos do nosso Clube, mesmo que, por vezes, a tristeza e a indignação (!?) nos faça pôr tudo em causa.

Disse que tinha confiança total no jogo que o Sporting iria fazer ao Dragão. Isso não significa que tivesse quaisquer certezas na vitória. Porque vejo o futebol, sobretudo como um jogo, e sei que muitas vezes a bola entrar ou não entrar é fruto, exactamente desse sortilégio chamado “sorte do jogo”. Mas, tenho a convicção, que ao longo das 30 jornadas da Liga as equipas merecem a “sorte” que têm.

O Sporting é, de longe, a equipa com melhores resultados nos jogos fora. Sem derrotas fora de Alvalade num record de 20 jogos, apenas 5 golos sofridos (e destes, 3 em Aveiro, num jogo “do outro mundo”) apetece perguntar, o porquê dos piores resultados em casa? Tenho para mim, e venho expressando isso mesmo, que parte da causa reside na intranquilidade que passa das bancadas para a equipa. Isso pode ser alterado. Para tanto é necessário apoiar sempre o nosso clube. Não só nos bons momentos (fácil) mas sobretudo quando os nossos jovens talentos mais necessitam.

A 1ª parte foi brilhante. Rapidamente ganhamos o meio campo e a posse de bola, e os ataques sucederam-se. A equipa portou-se com uma tranquilidade e personalidade que emudeceu o Dragão. Nani, o regressado puro-sangue espalhou magia, nas suas mudanças de velocidade, nas tabelas com Yannick, nos cruzamentos. Veloso é já, quanto a mim, um jogador de Selecção. Polga, simplesmente intransponível. Houve oportunidades de golo, de parte a parte, o jogo não foi de “empatas” e com isso ganhou o futebol. Esteve ao gosto de Miguel Sousa Tavares? Fomos a tal equipa que procura, sem nunca desorganizar o aspecto defensivo, sempre “assumir a iniciativa do jogo”, à procura do golo, à procura do resultado. Apoio completamente a manutenção de Paulo Bento (por muitos e bons anos); continue a haver coragem da Administração para assim se ir construindo uma equipa que nos permita “ser iguais aos melhores da Europa”.

Ao intervalo, o empate a zero sabia-nos a pouco. Mas na 2ª parte o Porto foi mais ameaçador, obrigando-nos a defender e a procurar os contra-ataques. O golo demorou a aparecer, mas, finalmente, a 15’ do final, Tello de forma absolutamente exemplar (a lembrar o pé esquerdo de Maradona) envia a bola para a “gaveta” no ângulo superior direito da baliza de Helton. O guarda-redes portista tinha sido já posto à prova e defendido bem e ainda viria a ser, mais tarde quando evitou o 0-2, com uma defesa “impossível”, embatendo ainda a bola na trave. Este valioso golo, decisivo, obtido em lance de bola parada, fez a diferença. Só a vitória nos servia. A dificuldade do jogo foi máxima. E este golo permitiu-nos continuar a sonhar, mesmo depois de tantos pontos ingloriamente perdidos. Graças ao pé esquerdo de Tello. Moutinho não se destacou como habitualmente (de fora no próximo jogo, quando regressa Liedson) e Ricardo merece uma palavra: está numa forma e com uma segurança que faz esquecer como memória longínqua a fase de desnorte porque passou. Penso que o Porto não jogou mal, teve Quaresma em grande, mas teve que aceitar a superioridade leonina.

Para ser campeão o Sporting depende de resultados das outras equipas. A questão é: ganhando todos os jogos que nos restam (em casa jogos “fáceis”, Beira-Mar, Marítimo, Naval, Setúbal e Belenenses – último jogo - e fora Braga, Benfica e Académica), seremos campeões? A resposta é impossível de ser respondida agora. O que se pede é não desistam pois ainda podemos ter a alegria maior de conseguir,… a dobradinha. E a equipa está em crescendo de forma desde o jogo com o Nacional, com a excepção da paupérrima 1ª parte com o Aves. Deixem-nos sonhar…