sexta-feira, março 09, 2007

Contas de mercearia (conselhos de borla)

A divulgação dos salários do plantel do Sporting não encerra em si nenhuma grave novidade. Em qualquer empresa, de qualquer sector, existem diferenças salariais entre trabalhadores e esse facto deve ser por demais sabido e aceite por todos os jogadores do Sporting.
O que já me causa alguma “espécie” é o valor pago por alguns jogadores, tendo em conta o seu rendimento desportivo (no calão económico, a sua produtividade).
Por isso, vou dar de borla uma ajuda aos gestores sportinguistas que, se quiserem aplicar as medidas sugeridas na próxima época, ainda… poupam dinheiro e promovem a produtividade e satisfação dos “trabalhadores”.
Comecemos por quatro casos evidentes: Bueno, Caneira, Paredes e Alecsandro são quatro dos jogadores mais bem pagos do plantel. Juntos, auferem por mês 247 mil euros.
Imaginemos que, no próximo ano, recebem “guia de marcha”. Bueno é substituído por Silvestre Varela e Caneira por André Marques (quanto à substituição de Paredes e Alecsandro, voltaremos ao assunto, no capítulo “contratações”).
Depois, surge outro lote de quatro jogadores: Romagnoli, Farnerud, Carlos Martins e João Alves. Juntos, ganham 165 mil euros por mês. 165+247 dá 412 mil euros em salários mensais.
Se, a este valor, juntarmos o que ainda é pago pelo Sporting (?) a Pinilla (30 mil), Luís Loureiro (25 mil) e Wender (6 mil), e tendo em conta que a folha salarial mensal do Sporting é, no total, de 1 005 mil euros (1 milhão e 5 mil), concluímos que, com todos os jogadores de que já falámos, o Sporting gasta quase metade do que paga ao seu plantel, todos os meses, em salários (412+30+25+6=473 mil euros).
Por mim, todos os jogadores de que falei são dispensáveis.
E o que se faz com os 473 mil euros que já poupei ao Sporting?
Investe-se, obviamente, no plantel, revendo contratos actuais e indo buscar outros jogadores.

Já o disse atrás: o “lote de ouro” de jogadores do Sporting é constituído por Liedson (110 mil/mês), Moutinho (32), Polga (54) e Ricardo (75). Acho, portanto, que o mínimo de justiça obriga a elevar os salários de Polga e Moutinho ao nível de Ricardo, com o respectivo prolongamento do vínculo contratual e aumento substancial da cláusula de rescisão. Face aos actuais salários, esta medida obrigaria o Sporting a gastar mais 43 mil euros por mês com Moutinho e 21 mil com Polga.
Se, à poupança de 473 mil euros, subtrairmos 43+21, sobram ainda 430 mil.
Surgem, depois, os jogadores que entendo que se devem manter no plantel, aproveitando-se para prolongar vínculos e corrigir algumas injustiças.
Comecemos pelos jogadores que têm vencimentos que me parecem adequados (são titulares pontualmente ou jovens em início de carreira com algo mais a provar). Abel (30 mil), Custódio (26 mil), Tello (25), Miguel Veloso (20), Djaló (20) e Miguel Garcia (17).
Deste lote, Miguel Veloso e Djaló renovaram recentemente até 2013. Ganham 20 mil euros, o que não está mal.
Depois, Custódio e Tello que, na minha opinião, deviam ganhar tanto como Abel (30), o que acresceria 9 mil euros à folha de custos.
Tonel (24 mil) e Nani (12 mil), titulares frequentes, devem ganhar um pouco mais do que isso, avançando para um patamar de 45 mil euros.
Somando as diferenças que os novos salários destes jogadores implicariam, ficamos com gastos 54 mil euros superiores que, somados aos anteriores 9 mil, dão mais 63 mil euros para a folha salarial. Abatendo este valor à poupança que ainda resiste, teremos 430 mil euros – 63 mil euros, o que ainda permite estar a poupar 367 mil euros por mês.

Temos, ainda, um lote de jovens da formação que, integrados no actual plantel ou emprestados, podem ainda integrar a equipa no próximo ano: Varela (13 mil), André Marques (10 mil), Pereirinha (10 mil) e Rui Patrício (2 mil), além de outros…

O salário destes quatro jovens podia subir para 15 mil euros. Isso implicaria gastos adicionais de 25 mil euros. Ainda sobram, do bolo total de poupança, 342 mil euros.

Tiago já disse que quer acabar a carreira de leão ao peito, não se importando de baixar o actual salário (22 mil euros). Nem vou fazer contas a isso.

Com todas estas mexidas, o Sporting teria o seguinte plantel (em que toda a gente tinha vínculos prolongados e salários adequados e praticados com critério):

Guarda-redes: Ricardo, Tiago e Rui Patrício.
Defesas: Abel, Miguel Garcia, Polga, Tonel, Tello, André Marques e Ronny.
Meio campo: João Moutinho, Custódio, Pereirinha, Nani e Miguel Veloso.
Ataque: Liedson, Yannick Djaló e Silvestre Varela.

Lacunas óbvias: meio campo e ataque. Além da possibilidade de integração de alguns jogadores actualmente emprestados ou nos juniores (Fábio Paim, Carlos Marques, Saleiro, Daniel Carriço ou Adrien Silva), o Sporting podia contratar para o ataque Fábio Coentrão (imaginemos um contrato de 30 mil euros) e, para o meio-campo, Filipe Teixeira (da Académica, imaginemos contrato de igual valor).

Retirando o valor dos possíveis salários a pagar a estes dois jogadores à poupança que ainda resta, chegamos a um valor de (342-60) 282 mil euros por mês. Imaginem só. Dá para mais dois ou três jogadores da qualidade de Liedson, Moutinho ou Polga, não dá? Com equipa, na minha opinião, reforçada, com novos talentos a poderem emergir e correcção de todas as injustiças, tendo em conta a produtividade. Estas contas simples, senhores dirigentes do Sporting, ofereço-as de borla.

1 Comments:

Blogger manolo said...

Aquilo que é mais importante na divulgação de ordenados é: 1) os jogadores a "custo zero" têm os ordenados significativamente valorizados, o que não deixa de ser injusto; 2) Basear a equipa na formação baixa os custos de ordenados muito significativamente. Com estas duas evidências, a aposta (real) na formação é o caminho correcto também sob o ponto de vista financeiro. O post apresenta contas simples mas também simplistas. Qualquer contratação é como o melão: apenas após "os abrir" é que verificamos a sua qualidade (adaptação, integração, relação com a equipa, etc). Quando se contratou um jogador como João Alves, por exemplo, as expectativas eram as melhores e na práctica... Romagnoli é outro difícil exercício: vale ou não a pena accionar a cláusula para o contratar? E ele aceitará baixar o ordenado? É também inquestionável que os contratos são feitos de livre vontade, e as duas partes (Sporting e jogador) devem ficar satisfeitos. Claro que saber que o Nani ganha a quinta parte de Bueno é injusto. Mas os jogadores vindos da formação, têm os primeiros contratos ainda como juniores (é ver o guarda-redes Rui Patrício), logicamente baixos. Cabe aos dirigentes perceber as vantagens de renovar com aqueles que valem a pena. Foi isso que foi feito, por exemplo, com Tonel e Moutinho (que neste momento negoceia a 2ª renovação). Yannick e Veloso já renovaram. Acredito que os dirigentes do Sporting, com as graves restrições orçamentais que têm procurem o melhor. Fico preocupado quando nem o Fábio Coentrão conseguem contratar! Mas têm a minha confiança, e não estou sempre de pé atrás e pedras na mão.

terça-feira, março 13, 2007 11:23:00 da manhã  

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