Assembleia Geral SCP
Hoje, vou à assembleia geral do meu clube. Não pertenço ao "inner circle" do poder, sou um simples sócio de bancada com lugar cativo. Por isso, com o que me é possível saber, vou para a assembleia com algumas ideias definidas e outras que gostava de ver esclarecidas.
Ideias definidas:
1 - O "projecto Roquette" - Acabou, morreu. O balanço ainda está por fazer na sua totalidade, mas algumas coisas já se podem adiantar. Construiu-se o estádio novo e a academia. Desportivamente, neste período, ganhámos dois campeonatos, uma taça de Portugal e estivemos numa final da taça UEFA.
2 - Houve, neste período, inumeras receitas extraordinárias: alienação dos terrenos do antigo estádio, pavilhões e adjacentes; vendas de Simão (agora a jogar num rival), Quaresma (agora a jogar num rival), Cristiano Ronaldo, Hugo Viana, Enakarire, Danny, Rochemback, Beto....; Venda dos lugares cativos e camarotes do novo estádio por um período de 20 anos; naming da academia e bancadas, alienação de percentagens do passe de vários jogadores a fundos de investimento, alienação (segundo consta) das receitas publicitárias dos próximos 10 anos...
3 - Do lado da despesa houve, alegadamente, muito controlo: orçamento do futebol equivalente a metade do do Porto e a 2/3 do do Benfica; redução do número de trabalhadores...
4 - Algumas receitas, supostamente ordinárias, também se geraram: rendas das lojas do Alvaláxia, rendas da clínica e health club, etc...
5 - Aqui chegados, aquilo que pensávamos ser o forte do clube, a boa gestão, revela-se um "flop": 300 milhões de euros de passivo, necessidade de vender património (receita extraordinária) perdendo receitas ordinárias (rendas recebidas) e gerando novas despesas(rendas a pagar pelo aluguer do piso ocupado no edifício sede e da FanLab), correndo-se, caso contrário, o risco de falência.
6 - Sucesso desportivo - Depois de um longo jejum, o Sporting conquistou 2 campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e esteve presente numa final europeia. Não pode ser considerado negativo, mas hoje em dia os grandes clubes europeus jogam na Liga dos Campeões e aí, as presenças (e ausências) do Sporting foram, no mínimo, decepcionantes.
7 - Os sócios "pagantes" reduziram-se de 100 mil para 30 mil; acabou-se com várias modalidades ditas "amadoras". Pretende-se, agora, condenar as restantes. O ecletismo já era.
8 - O Sporting atravessou um longo período de "défice democrático", com inúmeras "cooptações".
As dúvidas:
1 - A que se deve este fiasco dos "gestores maravilha"? Erro original de concepção do "projecto Roquette" ou desvio da gestão sob a batuta de Dias da Cunha?
2 - Vender património é sempre uma má solução. Após a alienação do património não desportivo, nada mais resta ao clube para vender. Que garantias há, efectivas, de que o Sporting se torna viável? (A passagem de Soares Franco pelo Estoril não lhe atribui grandes méritos como gestor - de uma SAD, pelo menos).
4 - Quais as despesas do Sporting com salários de pessoal "não-desportivo"? Quanto ganham as equipas de gestores e funcionários das várias empresas do universo Sporting?
5 - Quais as propostas alternativas - e credíveis - à de Soares Franco?
Gostava, em resumo, de tentar perceber como foi possível chegar a estado financeiro tão lastimável; como é possível que um clube com a grandeza do Sporting só tenha 30 mil sócios e de que forma os "gestores" têm reflectido essa situação; que viabilidade pode o Sporting ter se, mesmo com "projectos" e "gestões" tidas como modelos, chegámos a este ponto; em quê, na gestão, e de que forma, se afasta o "projecto Soares Franco" do seu predecessor "projecto Roquette" e da gestão de Dias da Cunha? É que muitos dos elementos (ventilados na imprensa)que compôem a lista de Soares Franco são de continuidade. E a continuidade do que temos, já percebi, não serve.
Vou para a assembleia angustiado; apesar de não o prever, gostava de voltar de lá esperançado. E atenção, senhores dirigentes e "candidatos a": não acredito em iluminados, em demagogos populistas ou em santos milagreiros. Com o Sporting não se brinca.
2 Comments:
Que a sorte te acompanhe. E que a lucidez te permita elucida-nos sobre o que aconteceu.
Também acho que há muita confusão e não percebo sinceramente como é que as coisas chegaram a este ponto. Se não andámos a gastar dinheiro em jogadores, para onde é que ele foi? Para os bancos?
Estamos todos "boquiabertos". Então o clube com uma gestão virada para o futuro, com um projecto que nos blindava económico-financeiramente contra as vissitudes da bola, está à beira da falência? O Património que era superior ao passivo, é agora vendável (o não-desportivo) no máximo por 60 milhões, contra um passivo de cerca de 270 M? E ali ao lado, num clube de figurões do negócio de "vão de escada", está tudo de vento em pôpa? Bem, como tristezas não pagam dívidas, o que nós queremos é um grande clube de futebol (o resto, tristemente não tem futuro) que esteja sempre na Liga dos Campeões, na sua disputa. Será possível?
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