domingo, fevereiro 26, 2006

Como é que é possível nos dias que correm...

Este fim de semana havia vários assuntos que podia falar. Podia fazer o rescaldo da – não - AG do Sporting, em que Soares Franco perdeu alguma da margem de manobra que vinha acumulando nos últimos tempos. Pelos vistos fala-se agora de nem haver AG e passar directamente para eleições.

Outra hipótese, seria dissertar hoje sobre a vitória do Sporting (mais uma) sobre a Académica: uma vez mais, algo exagerada, ainda que a haver um vencedor, seria sempre o Sporting. É um facto que não deslumbramos, mas a atitude em campo tem sido inultrapassável. E tem rendido vitórias. Por muito que me custe e por muito mal habituado que esteja, se calhar é a altura do Sporting ganhar, sem deslumbrar.

Podia também falar da vitória do Benfica sobre o F.C.Porto, que embora justa, me pareça ter sido “exagerada”, face às pouquíssimas oportunidades de golo que houve de ambos os lados. Um jogo sem expulsões e sem as habituais picardias. Nem parecia um clássico.


Mas finalmente, gostava de falar um pouco do que se passou em Saragoça. Sábado, não sei quantos mil badamecos, resolveram-se armar em broncos e cantaram cânticos ao Samuel Etoo. O excelente avançado do Barcelona, que por acaso até é negro, não esteve com meias medidas e ameaçou abandonar o relvado. Foi persuadido pelos colegas para que não o fizesse e acabou por ficar.


Seria, na minha opinião trágico, se efectivamente abandonasse o relvado. Não para ele, mas para o mundo do futebol, que pelos vistos não tem conseguido passar a mensagem de um futebol sem racismo. A verdade é que, nos últimos anos têm sido mais frequentes as manifestações racistas/ nacionalistas pelos relvados europeus. Não é o laziale Di Canio que se manifesta, de uma forma mais ou menos impune, com a saudação nazi sempre que marca um golo? E quantas vezes não se queixou Roberto Carlos de comentários racistas nos relvados espanhóis (mesmo dos próprios adeptos madrilhistas)? E quem é que se lembra de uma recente visita da selecção inglesa ao Santiago Barnabéu para jogar contra a sua congénere espanhola? Não obstante o esforço da UEFA e das Ligas europeias, com toda uma série de iniciativas, a verdade é que este é ainda um problema que, infelizmente, vamos ter de conviver durante algum tempo. É um questão de mentalidades, que não está circunscrita ao futebol e que deve ser resolvida a partir de nossas próprias casas.


Voltando ao jogo. Com intervenção directa de Samuel no segundo golo, o Barcelona ganhou, e desta forma demonstrou-se que por vezes, quem ri por último, ri melhor!