sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Relato de um adiamento

Cheguei à porta da antiga FIL faltavam cerca de 10 minutos para as 21h00 e deparei-me logo com uma fila descomunal. Parecia dia de jogo e a organização semelhante à das péssimas entradas no estádio de Alvalade. (Bom estas últimas melhoraram um pouco, antes era tudo ao molho, agora os titulares de "lugar leonino", como eu, têm um corredor de entrada próprio que, ainda assim, não nos livra de alguns "amassos".)
Mas voltando à "vaca fria": a fila prometia eternizar-se mas, curiosamente, começou a avançar rapidamente. Menos mal. À nossa frente, um artista barbudo. Sobrepondo-se à nossa conversa, lá ia dizendo que "o Sporting sempre foi o clube do regime", "Até o Marcelo Caetano foi ao nosso estádio", "tanta polícia aqui hoje é uma provocação", "os presidentes são todos uns vigaristas"...
Enfim, uma daquelas fontes geralmente bem desinformadas.
Já à entrada do edifício, grande agitação da comunicação social, com os fotógrafos e as câmaras de TV em roda viva. Estavam ali Dias Ferreira e Subtil de Sousa. Mesmo à minha frente. Que emoção.
O sistema de votos: cada sócio faz o seu registo, recebendo depois o cartão com o número de votos a que tem direito. Um sócio, um voto, por norma. Depois, por cada 10 anos de associado, mais 3 votos. O artista de barbas à nossa frente assegurou que tinha direito a 200 votos, o que indiciava uma idade a rondar os... 600 anos. Incrédulos, perguntámos diplomaticamente qual o seu número de sócio, ao que respondeu "bem...uhuuuhhhh.....desde de que nasci...". OK.
Na primeira porta de controlo, onde se verificava o número de sócio e se as quotas estão em dia, mandam-nos parar. "A sala está cheia e a assembleia, provavelmente, será adiada. Esperem um pouco". À nossa frente, na fila, já só está o "barbudo", que arma logo um grande sururu. Que sim, as 4 pessoas que já passaram a porta de vidro ainda podem entrar. O barbas, eu e os meus dois acompanhantes. Fixe. Lá entramos.
O barbas vai buscar o seu cartão de voto. Afinal, só tem direito a quatro votos. Fingimos que não reparamos, para não o atrapalhar. Ele, que atrapalhado ficou pouco, insiste em manter diálogo connosco e nós mandamo-lo ir entrando no auditório, que vamos só a cafetaria comer qualquer coisa. (Continua)