Vitória segura quando falhar era proibido
Assegurar a vitória e continuar a depender apenas de si própria, era o que se pedia à equipa do Sporting, nesta deslocação ao aflito Rio Ave, e na sequência de maus resultados (Porto, Amadora e Naval, 7 pontos perdidos) e fracos 2 últimos jogos. E o Sporting correspondeu, contrastando a sua atitude (relativamente às 1ªs partes) ao pegar no jogo desde o minuto inicial, empurrando claramente o adversário para a sua área e mostrando a vontade de resolver a partida a seu favor. Em vez da toada morna de expectativa nas primeiras metades dos jogos da Amadora e contra a Naval em Alvalade, os leões foram para cima dos vilacondenses, não os deixando respirar, sob a batuta e criatividade de Nani, e o trabalho da incansável formiga de meio-campo Moutinho, as bolas iam chegando ao ataque, onde Liedson (a jogar com algumas dificuldades físicas) e Deivid, que mostra mais alegria a jogar, punham a reforçada defesa do Rio Ave em sentido. Surgiu o golo cedo, numa boa desmarcação de Deivid para Nani, e este facturou o seu 5º golo no Campeonato, no seu ano de estreia. Um parêntesis sobre desmarcação. Palavra do futebolês, que tem significado de duas vias: aquele que desmarca o companheiro, é o que passa para o espaço vazio, onde pretende que o companheiro em movimento faça a recepção do passe; a outra “via do significado”, é o jogador que “arranca” para o espaço, obrigando aquele que tem a posse da bola a concretizar o passe. O jogo de ataque actual, onde as defesas (ajudadas pelos médios) cobrem todos os espaços e marcam os atacantes, terá que ser o jogo das desmarcações; é a única forma de ganhar espaço e situações de concretização em ataque organizado. Por este motivo, jogadores que se entendam bem neste “jogo das desmarcações”, são essenciais. E o primeiro golo do Sporting foi isso mesmo, aliás seria o melhor golo da partida. A sorte do jogo estaria ainda no nosso lado, quando ainda antes dos 30’ numa das poucas subidas de Miguel Garcia (o herói de Alkmaar) o cruzamento pouco conseguido, mas a bola a sobrar para Liedson, após falhas comprometedoras da defesa do Rio Ave, e o levezinho, à segunda, fez o 0-2 que nos dava toda a tranquilidade na conquista dos três pontos. O Sporting contra equipas de nível médio-baixo da Liga, tem que procurar resolver (leia-se, marcar golos) os jogos na 1ª parte, pois esperar “para ver”, confiando que a vitória há-de aparecer não é boa política. Neste jogo em Vila do Conde, Paulo Bento teve a atitude correcta, e o resultado foi o espelho disso. Ainda na 1ª parte sofremos um golo surrealista, verdadeiramente um monumental frango de Ricardo, que já há bastante tempo não cometia deslizes destes. Sendo inaceitável (num guarda-redes de top), é evidente que acidentes acontecem a todos, e o apoio dado pelos companheiros foi importante. A 2ª parte foi mais sofrida, pois a reacção dos vilacondenses, animados pelo golo, foi o tudo-por-tudo. Veio ao de cima a “muralha de aço”, que Paulo Bento foi construindo, e que garantiu ao Sporting a luta pelo título quase até ao fim, com base num meio campo e defesa, coordenados por Custódio, que não permite ao adversário situações de perigo. O contra-ataque e ataque rápido (quando conquistamos a bola em zonas “altas” do campo) deveria ter funcionado melhor, mas Liedson e Deivid não conseguiram escapar à armadilha do fora-de-jogo, bem montada pelo Rio Ave. Ainda assim, a tranquilidade surgiu, num auto-golo de um defesa, que em esforço para evitar que a bola chegasse a Deivid no 2º poste, após excelente cruzamento de Nani, estabelece o resultado final, 1-3. Foi uma vitória segura, indiscutível num jogo que se tornou fácil devido à excelente atitude inicial da equipa do Sporting. Na 2ª parte, bastou garantir a segurança defensiva e espreitar o golo, que por sinal, o resultado ainda poderia ser mais desnivelado, pois foi o Sporting quem melhores oportunidades teve. Tello jogou no lugar de C. Martins (nem convocado foi…) e sem comprometer também não se evidenciou. Chegamos assim à última jornada, recebendo um Braga já com a classificação definida (4º lugar), e a pressão toda para o lado leonino, ficando a expectativa de um bom jogo de futebol e o desejo de festejar a justa entrada directa na Liga dos Campeões.
2 Comments:
Eis a crónica que faltava!
É sempr eum prazer ler as tuas memórias descritivas e opiniões, Manolo.
Estiveste de férias?
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