Leão superior
“…o Sporting confirma ser a mais convincente equipa de futebol português nestes primeiros tempos da nova temporada”, começa por escrever, no seu excelente e importante artigo de opinião Santos Neves em “A Bola “ de hoje. Depois de destacar o portuguesismo da equipa, ”O Sporting nesta matéria, remando sozinho contra fortíssima maré, tem ainda o extraordinário mérito das suas escolas de formação de onde vão saindo talentos às catadupas”, prossegue “Paulo Bento está a acrescentar altas doses de ritmo e personalidade competitiva. Em Alvalade luta-se duramente por um lugar no onze e percebe-se que essa luta, sendo intensa, é sadia”, … com oportunidades para todos desde que assumam em pleno a certeza de que a equipa bloco é super prioridade.” Bem sintetizado, está um “post” magnífico, que gostaria de o ter escrito. Sobre o esquema táctico verifica o experiente jornalista, “Está ali muito e excelente trabalho a enraizar em cada futebolista qual é o sistema de jogo e o que lhe compete fazer na posição X, Y ou Z. Espectacular quando o treinador, os jogadores, a equipa conseguem isto sem qualquer hesitação”, e continua escrevendo a ideia de continuidade que também partilho, ”o 4-4-2 com losango a meio campo tem uma mão cheia de temporadas no Sporting. Começou com Fernando Santos, prosseguiu com José Peseiro, mais e mais está a ser dinamizado por Paulo Bento que (após impor disciplina) ao futebol bonito somou …eficácia”.
Hoje o Sporting respira saúde e rejubila com o andar da carruagem. Relembrei um outro artigo, também n’ “A Bola”, de Vítor Serpa escrito em 19 de Maio de 2005, na ressaca maior da época do … quase, quase. “… premonição quando nos disse [Dias da Cunha], antes do jogo com o Benfica, e num momento em que a euforia era exuberante, que sendo verdade que o Sporting podia ganhar muitas coisas nesta época também não era menos verdade que poderia ainda perder tudo.” E sublinhava o ex-presidente: “mas se perdermos tudo, ao menos que ninguém se esqueça que ganhámos um trabalho decisivo para o futuro”. O jornalista prossegue com a sua análise, “não é fácil os adeptos do Sporting olharem o futuro com confiança e com optimismo. Sei bem que hoje ainda é tempo de pôr tudo em causa.” E salienta, “os adeptos do Sporting, pelo menos os mais conscientes, serão capazes de discernir, sem dificuldade, (…) o Sporting teve uma época que lhe permite ter confiança no futuro e, acima de tudo é, hoje, uma referência do dirigismo moderno em Portugal. (…) O Sporting ganhou o respeito das pessoas de bem, por ter uma administração moderna, um projecto coerente, uma visão renovadora do futebol.” “Ainda ontem, caramba, depois daquele golo de vantagem, teria mesmo sido necessário jogar tão honestamente o jogo?” O elogio do chamado Projecto do Sporting, iniciado por Roquette, continua pelo director de “A Bola”: “nada que o Sporting fez nos últimos tempos está posto em causa. E isso é um mérito assinalável no futebol português. Um mérito que deve ser reconhecido, sobretudo por nós analistas de factos passados.” E termina “E essa acreditem, é uma virtude do actual Sporting. Um dia, ganhará.”
Assim se escreve a História, no indesmentível facto de ser este, o triunfo de uma ideia, o chamado Projecto Roquette, que interpretei aqui e gozo hoje a certeza de que continuamos, e definitivamente, no bom caminho. Embora não assustemos no nosso "Inferno" um Papin borrado de medo pela turba enraivecida, temos a satisfação de saber que o “prodigioso Cristiano Ronaldo, vergonhosa e recorrentemente xingado pelos adeptos benfiquistas” não se atemorizou (ou será melhor perguntar ao Mozer?) e, segundo José Lello, contribuiu para “desbaratar a imagem externa dum povo que preza o sentido da hospitalidade e o primado do civismo.” Que povo, pergunto eu?
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