Em que pensa Liedson?

Mais uma jornada, desta feita marcada pela "chapa três" dos (lá está) três grandes.

Vitórias incontestáveis, em que Sporting, Benfica e Porto foram inegavelmente mais fortes que os adversários.

Nada de especial tenho a dizer em relação às vitórias de Benfica e Porto - a não ser que o Benfas beneficiou do desgaste causado ao Beira-Mar pelo Sporting (ai, estes sorteios) e o Porto defrontou um Setúbal carregadinho de problemas internos.

Em relação ao Sporting, pequenos apontamentos:

- A vitória é também incontestável. Sim, beneficiámos de um Braga irreconhecível, de dois auto-golos e de um outro duvidoso. É o jogo. Mas nunca, em momento nenhum, senti no estádio que o Sporting fosse deixar fugir esta vitória. E isto, acreditem, não é pouco para um adepto leonino.

- Quanto ao lance entre Yannick e Paulo Santos, gostava de expressar a forma "cavalheiresca" como tudo foi resolvido no final. A entrada de Yannick não foi intencional, mas é merecedora de cartão vermelho. Admito. Podem achar estranho, mas quase todos os que viram o jogo no estádio ficaram com a clara convicção que era penalty, porque teria sido Paulo Santos a atira-se sobre Yannick, derrubando-o na área. E foi uma sensação muito nítida. Só na televisão pude ver que o lance não tinha sido assim, e que tinha sido Yannick a entrar sobre Paulo Santos. O guardião do Braga reagiu intempestivamente, pegou-se com a Juve Leo e foi assobiado pelas claques. No fim, desdramatizou, aceitou o pedido de desculpas de Yannick e revelou-se uma pessoa de bom carácter. Ficou bem na fotografia Paulo Santos. Yannick também, porque não quis atingir o adversário e soube pedir desculpa. Claro contraste com o Porto / Benfica e a guerra de palavras que se seguiu à lesão de Anderson. Mais uma vez, marcamos a diferença.

- Custódio oferece outra segurança defensiva. Paredes não tem o mesmo ritmo e disponibilidade física, Veloso é ainda muito verde. Custódio é, de caras, o melhor médio defensivo do Sporting neste momento. Sempre apreciei o jogador, estou contente por ter recuperado da lesão e acho que é uma das peças essenciais do plantel do Sporting. Com ele, a equipa ganha outro equilíbrio.

- O que se passa com Tello? - Está feito um grande jogador, um enorme lateral esquerdo. Ataca muito bem e - a grande novidade este ano - não defende pior. Parece-me que Tello está, finalmente, a calar os inúmeros detractores que sempre teve em Alvalade. Compreendo muito bem esses detractores, mas sempre achei o chileno um jogador útil no plantel. Finalmente, Tello resolveu dar-me razão.

- E agora, Liedson. Em que pensa Liedson? - O "baixinho" é daqueles jogadores que não sabe jogar mal, arrasta consigo meia defesa adversária, continua a dar o litro em campo, é um dos melhores (senão o melhor) jogadores do Sporting. Mas, este ano, Liedson não resolve. Na "hora da verdade", de meter a redondinha lá dentro, Liedson falha. Aparenta uma crise de confiança. Mas, mais do que isso, na minha opinião Liedson parece andar desconcentrado. Não desaprendeu de jogar, mas não é o mesmo Liedson de outros tempos, um goleador implacável.

Mesmo ao nível do domínio de bola e do último passe, Liedson apresenta sinais de desconcentração. Continua a ser um grande jogador, útil à equipa, titular de caras (até pela ausência de alternativas com os mesmos níveis de qualidade). Mas, afinal, em que pensa Liedson quando está em campo?

Finalmente, a selecção: Scolari prossegue na via do autismo. Só ele poderá dizer porque Quaresma, Tonel, Moutinho ou Custódio continuam a não ser convocados para a selecção A. Não tenho dúvida de que substituiriam, com vantagem, Boa Morte, Ricardo Costa, Maniche ou Costinha. Scolari escolhe quem quer e os resultados que tem obtido são a sua melhor garantia. Mas a não convocação destes jogadores começa a ser um óbvio erro. Tal como o foi a equipa escolhida para defrontar a Grécia no primeiro jogo do Euro2004. Só depois dessa derrota Scolari abandonou a sua casmurrice. Os frutos são conhecidos. Os adeptos também percebem alguma coisa de futebol, caro Scolari. Não o chateiam por ser quem é, mas sim pela sua casmurrice. Acredite.