Pressão na corrida ao título

O Sporting fez um dos piores jogos desta época. Apenas no último quarto de hora dominou o adversário, uma Naval chata que vendeu cara a derrota que não merecia. Vindo de uma frustante, embora valorizadora campanha na Liga dos Campeões, em que a eliminação foi de dificil digestão, a reacção à derrota foi sofrida e feita apenas de transpiração e muita luta. O espirito de equipa manteve-se, o que é decisivo na corrida ao título. O nosso meio-campo teve dificuldades em controlar primeiro, não conseguindo nunca dominar o jogo. (excepto últimos 15'). Nani está fora de forma, tentando inutilmente o drible com a bola parada. Martins, embora esforçado não mostrou inspiração, e Custódio nunca foi o habitual pêndulo. Restou Moutinho, que não pode fazer tudo. Liedson continua ineficaz, tardando a aparecer o seu faro goleador. A defesa esteve bem (Polga) e destaque para Ricardo que foi decisivo numa excelente defesa.

O jogo foi fraco, sempre muito em esforço, luta e bolas pelo ar. É claro que numa luta pelo título de campeão nacional, há sempre jogos em que a exibição não é conseguida, exigindo-se a determinação que leve à conquista de pontos. Durante a época, as oscilações de forma (da equipa e dos jogadores) devem ser minimizadas, e o mérito do Campeão está em conseguir "sobreviver" a essas fases más. Nestes dois últimos jogos (Marítimo e Naval, fora) o Sporting conseguiu: vitórias por 0-1, em lances de bola parada, fazendo os mínimos; é assim, passo a passo, degrau a degrau, aguentando a pressão de não poder perder pontos que se constroem os Campeões. Espero, que, na próxima jornada, o Sporting volte às boas exibições e mantenha a pressão sobre os líderes, deixando o outro candidato, praticamente fora da corrida.

Grande destaque para Paulo Bento, nas substituições que alteraram por completo a dinâmica do jogo: Moutinho como pivôt defensivo e distribuidor, Tello a interior acompanhado por um Romagnoli ofensivo, e, sobretudo o miúdo Ronny a lateral/extremo criaram e ofereceram soberanas oportunidades para marcar a Bueno que teve o golo na cabeça e nos pés, mas foi infeliz. O livre directo, a cheirar a Roberto Carlos, numa "bomba" indefensável, dificilmente visível à vista desarmada, é um cartão de visita de respeito deste jovem brasileiro, que chegou no ano passado à equipa de juniores. Mais uma opção.

Próxima jornada o derby, Sporting-Benfica. O resultado é sempre incerto, e lembro-me na última época em que fomos à Luz, praticamente condenados (verdadeiramente, restava-nos uma "trémula luz ao fundo do túnel") e arrancámos uma exibição de superioridade incontestada e vencemos por 1-3 (grande Liedson). Agora a situação é "simétrica". O Benfica joga o tudo ou nada. Confio que a nossa equipa saiba não ter misericórdia e faça o xeque mate inapelável. É fundamental.