BERNA. 1961
Nas cinco primeiras presenças europeias de equipas portuguesas, apenas o Sporting passara uma eliminatória, ao derrotar os modestos holandeses do Utrecht. Daí que qualquer eliminatória que o Benfica passasse nesta sua segunda presença na Taça dos Campeões Europeus já era um êxito.Ficou célebre, aliás, o episódio da assinatura do contrato de Bela Guttman com o Benfica, com o treinador a querer incluir um prémio ( de 200 contos) pela vitória na Taça dos Campeões e o dirigente, divertido, respondeu que podia lá colocar mais 100 ! E foi assim, que o “feiticeiro” recebeu 300 contos, dez vezes mais que o prémio atribuído aos jogadores...
O certo é que de eliminatória em eliminatória, o Benfica ia fazendo sensação. Começou por ganhar em Edimburgo, ao Hearts por 2-1. Na Luz, na noite em que foi inaugurada a primeira fase do terceiro anel , aumentando a lotação para 70 mil, o Benfica ganhou por 3-0.
Seguiu-se a famosa equipa húngara do Ujpest. Na 1ª mão numa tarde memorável, em meia hora o Benfica ganhava por 5-0 ! O jogo acabou com um tranquilo 6-2. Na segunda mão, em Budapeste derrota por 2-1.
Terceira eliminatória, a Europa já temia o Benfica. O fraco Aarhus defendeu com 9 homens à frente da sua baliza. Resultado final 3-1. Na Dinamarca, apesar do frio o Benfica despachou-os com 4-1. José Augusto esteve tão endiabrado que foi considerado pelo jornal L’Equipe como o melhor extremo-direito da Europa.
E o Benfica chegava às meias-finais. O adversário : Rapid de Viena. Na Luz houve mais uma vez casa cheia. Os preços dos bilhetes variaram entre os 15 escudos para a geral (atrás da baliza) e os 45 escudos para a bancada central, com os sócios a pagarem apenas 10 escudos. Foi mais uma grande noite europeia. Resultado final 3-0, feito na 1ª parte.A deslocação ao estádio do Prater não foi fácil. O Benfica inaugurou o marcador, já na 2ª parte e a agressividade passou a imperar, com os jogadores e público do Rapid de cabeça perdida. Ainda empataram, e perto do fim os austríacos reclamam um penalty que o árbitro não concede. O jogo acabou praticamente aí. De tal forma que o árbitro deu o jogo como terminado a 2 minutos do fim. E a comitiva do Benfica esteve depois largos minutos encerrada nas cabinas, enquanto a polícia se mostrava impotente para reprimir a violência dos austríacos...
E estávamos na final !
O certo é que de eliminatória em eliminatória, o Benfica ia fazendo sensação. Começou por ganhar em Edimburgo, ao Hearts por 2-1. Na Luz, na noite em que foi inaugurada a primeira fase do terceiro anel , aumentando a lotação para 70 mil, o Benfica ganhou por 3-0.
Seguiu-se a famosa equipa húngara do Ujpest. Na 1ª mão numa tarde memorável, em meia hora o Benfica ganhava por 5-0 ! O jogo acabou com um tranquilo 6-2. Na segunda mão, em Budapeste derrota por 2-1.
Terceira eliminatória, a Europa já temia o Benfica. O fraco Aarhus defendeu com 9 homens à frente da sua baliza. Resultado final 3-1. Na Dinamarca, apesar do frio o Benfica despachou-os com 4-1. José Augusto esteve tão endiabrado que foi considerado pelo jornal L’Equipe como o melhor extremo-direito da Europa.
E o Benfica chegava às meias-finais. O adversário : Rapid de Viena. Na Luz houve mais uma vez casa cheia. Os preços dos bilhetes variaram entre os 15 escudos para a geral (atrás da baliza) e os 45 escudos para a bancada central, com os sócios a pagarem apenas 10 escudos. Foi mais uma grande noite europeia. Resultado final 3-0, feito na 1ª parte.A deslocação ao estádio do Prater não foi fácil. O Benfica inaugurou o marcador, já na 2ª parte e a agressividade passou a imperar, com os jogadores e público do Rapid de cabeça perdida. Ainda empataram, e perto do fim os austríacos reclamam um penalty que o árbitro não concede. O jogo acabou praticamente aí. De tal forma que o árbitro deu o jogo como terminado a 2 minutos do fim. E a comitiva do Benfica esteve depois largos minutos encerrada nas cabinas, enquanto a polícia se mostrava impotente para reprimir a violência dos austríacos...
E estávamos na final !
31 de Maio de 1961. Berna.
Final com o Barcelona, no já demolido Estádio Wankdorf, em Berna. O Benfica fez deslocar a equipa com uma semana de antecedência, estagiando numa pequena povoação suiça, Spiez, à beira de um lago.E foram em grande número os portugueses presentes, uns idos de Portugal, outros emigrantes. Em Portugal, a RTP fazia a sua estreia em transmissões da Eurovisão. Mas os portugueses, que naquela época viam televisão essencialmente em cafés, mal puderam seguir o desafio. As interrupções eram constantes (ficou célebre a frase “o programa segue dentro de momentos”) e, na segunda parte, a RTP acabou mesmo por desistir da transmissão. Os ouvidos ficaram então colados ao relato de Artur Agostinho na antiga Emissora Nacional.
O Barcelona era nitidamente favorito. Eliminara o Real Madrid e tinha uma linha avançada temível : Kubala, Kocsis, Czibor (três húngaros), um brasileiro, Evaristo e o espanhol Suarez. O Benfica não tinha Eusébio (estreava-se nessa altura, em Portugal), nem Simões ainda júnior. Mas tinha um excelente guarda-redes, Costa Pereira, que terá feito a exibição da sua vida, um central de classe europeia, Germano, um meio campista poderoso, Coluna, um extremo rapidíssimo, José Augusto, um fino interior, Santana, um grande cabeceador e grande goleador, Águas, e um grupo de jogadores, menos dotados tecnicamente mas com muita raça e ambição e uma óptima condição física, Mário João, Ângelo, Neto, Cruz e Cavém.
Aos 20 minutos, Kocsis fez o primeiro para o Barcelona, confirmando o favoritismo dos espanhóis. Mas num só minuto, entre os 30 e os 31, o Benfica virou o resultado. Águas e Ramallets na própria. O Benfica vencia ao intervalo. Talvez demasiado confiantes, os jogadores do Barcelona deram muita liberdade aos jogadores do Benfica, nomeadamente a Coluna e começava a surgir a surpresa. Aos 10 minutos desta 2ª parte, Coluna, com um potente remate faz o 3-1 ! O Barcelona, desesperado foi para a frente e o Benfica a defender. O Barcelona massacrou cada vez mais. Aos 30 minutos, Czibor reduziu para 2-3. Os minutos finais foram de sufoco total ! Costa Pereira e os postes defendiam tudo . Num dos lances, a bola bateu num poste, passou por cima da linha, bateu no outro poste (eram quadrados os postes, nessa altura) e ressaltou para as mãos de C. Pereira !...
Bem distribuído, esse azar dava para perder 10 jogos, lamentava-se o treinador Orizada.
O Benfica era, para surpresa do mundo, Campeão Europeu !
Texto baseado no Livro Oficial do 100º aniversário do Sport Lisboa e Benfica
Que a Deusa esteja connosco, como em 61. Que seja o melhor espectáculo de futebol jamais visto. É muito belo, um jogo destes. Sorte daqueles que o presenciarem ao vivo.
Lá estarei, no meu lugar, torcendo, lutando, gritando até que a voz me doa !
Saúdinha
4 Comments:
Ah ganda Alex, até parece que nos estou a ver, ali na Taberna do Etrusco, de ouvido colado ao cantante a sofrer com o relato do Agostinho.....
Que esta noite se sofra tanto como nesses idos de 61, mas que no fim esse amargo da angustia se transforme no doce sabor da vitoria.
Grita Alex, grita até que a voz te doa!
Belo post!
Lá estaremos para desfrutar e a gritar até que a voz nos doa!
Que a deusa esteja connosco
Não vou, obviamente, viver o jogo como vocês. Vou assistir com muito interesse, espero que ambas as equipas o queiram ganhar (procurando o golo) e que o resultado seja discutido até final.
Mesmo que quisesse torcer pelo Benfica, assim que começo a ver o jogo, dou por mim a apoiar o adversário. Mas já houve excepções: torci pelo Porto na final de 87 contra o Bayern, por exemplo. Mas esta excepção pode acontecer, só se o jogo da equipa fôr muito bom. Será que o Benfica consegue? É possível, mesmo contra o colosso Barcelona. Boa sorte, que bem vão precisar.
Escrevo no intervalo do jogo. Até agora, a Deusa está com o Benfica, sem dúvida. Moretto desperta-me risadas convulsivas. É o pior. O resto da equipa tem-se portado muito bem. Julgo que Miccoli pode mudar as coisas. Boa sorte ao Benfica!
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