sexta-feira, novembro 23, 2007

A crise e a Razão

A história do primeiro terço da Liga está feita. Porto domina (mas fraquejou), Benfica sempre optimista e, o Sporting, desiludido com a distância “assustadora” – 8 pontos – do primeiro lugar.

Cada jogo é “ a matar”, e ai dos vencidos. O pessimismo tem mais força que a forte esperança, mas menos razão. O futebol é resultado. Ponto. Disse Eriksson, há muitos anos: “futebol não é passagem de modelos”, ou seja não faz muito sentido dissertar pela beleza, o jogar bem, pois o jogo é ganhar, qualquer jogo só se joga para ganhar. O Sporting tem tido resultados maus, e, portanto jogos maus. Perder 3-0 em Braga foi péssimo. Não se pode, nem se deve aceitar. E é precisamente aquilo que faz Paulo Bento e a equipa. Nunca desistir, até ao último minuto, mesmo quando, a sorte é ingrata. Quando, depois de virar um resultado adverso, dominando claramente a Roma, num jogo decisivo para a Champions, se sofre o empate numa “carambola” na cabeça de um defesa aos 89’, isso chama-se azar. Mas o futebol é isto. Sorte (imerecida) na eliminatória contra o Fátima e também em Kiev, pago com juros.

Os assobios à equipa nacional (na vitória frente à Arménia, 1-0), equivale aos assobios no ano passado ao Nani em Alvalade, numa fase realmente má e, como Ronaldo resumiu, faz parte do “povo do futebol de Portugal”. Já todos nos habituámos a isso, infelizmente, e, já o afirmei, constitui o principal factor da menoridade do futebol em Portugal, quando comparado com outros campeonatos.

O que é inaceitável é a espera que fizeram à equipa (após o péssimo resultado-jogo contra o “inimigo oficial”, Nacional da Madeira) para a insultar, para enxovalhar o Sporting. Eu não consigo assobiar a minha equipa.

Tivemos nestes primeiros dez jogos um percurso irregular. Correu bem (mesmo com a derrota no Dragão e o empate com o Setúbal e na Luz) até à vitória com o Guimarães (3-0). Depois a “crise” que parecia acabar com a vitória caseira com a Naval (4-1) e o jogo quase-ganho quando deixámos fugir a vitória contra o Roma (já lá não fomos inferiores) regressou em força com esta derrota. E limpinha, pois o Braga foi bastante superior.

Assim estamos em 5º lugar e cada jogo é um enorme risco, pois em caso de perda de pontos, a crise agrava-se de forma cada vez mais amarga. E quando “o pior vai ao pior”, despede-se o treinador. É isto o futebol, não só em Portugal. Será isto racional? ou quando sabemos que temos um bom treinador (reúne todos os predicados que se possam enunciar), uma boa aposta na formação, com uma base sólida e jovem de grande valor, que já vimos que lutamos sempre por resultados e títulos (nem sempre aconteceu…) será despedir o treinador uma medida assertiva, competente, racional? Penso que não. Apoio, mesmo jogando mal, a equipa, o treinador, o clube. E tenho a certeza que se este apoio fosse total e incondicional, também os resultados seriam melhores.

Mas tenho forte esperança. Liedson vai continuar a brilhar como o melhor avançado da Liga dos últimos anos, Veloso e Moutinho irão mostrar porque é que são o melhor e completo meio-campo, e Romagnoli nos surpreenderá com os seus “passes de mágica”, guardados olimpicamente pelo melhor central do Sporting desde o Luisinho, o imperial Polga. Com Abel a afirmar-se como um lateral que procurávamos há tanto tempo, e o utilíssimo Tonel que nos deixa descansados. Mas em futebol ainda é a equipa, o conjunto, o colectivo, que manda. Os jogadores são importantes, mas é como as formigas estão para o formigueiro, como os neurónios estão para o cérebro (passe o exagero), a equipa é que é fundamental. Vukcevic e Izmailov são reforços mas ainda não são “da equipa”, a integração ainda está incompleta.

Falta-nos um avançado, mas temos, de facto, uma boa base. Por isso, mesmo perdendo em Matosinhos, (diabo seja surdo, mudo e cego) continuo a acreditar na equipa. Mesmo jogando mal continuarei sportinguista; quem aguentou (sempre a queixar-me é verdade) o Octávio, sabe que devemos manter o treinador a todo o custo. Temos a força da Razão.

2 Comments:

Blogger Alex said...

Tens muita razão. (Em quase tudo).
Mas a verdade é que uma derrota pode complicar as coisas, embora saiba que Paulo Bento é inamovível até ao fim da época.
Acho que o plantel do Sporting não é suficiente para fazer a rotatividade...ou pelo menos, ameaçar a titularidade.
Mas também penso, até ser completamente impossível, que se tem que defender o treinador e a equipa, com grande apoio. Uma equipa se tiver um grande apoio, pelo menos nos jogos em casa pode tornar-se temível, como demonstra o caso do Celtic. Aliás, no caso do Benfica (apesar de agora ter recuperado uns pontos, pode rapidamente voltar a perdê-los, em Coimbra e contra o Porto), defendo Camacho por muitos anos, "Tenho pressa do futuro".
Mas gabo-te o optimismo em relação ao Sporting. Parece que não é só o "Benfica, sempre optimista".
Esta semana somos do Vitórria...
Saúdinha

sexta-feira, novembro 23, 2007 10:44:00 da tarde  
Blogger Redus Maximus said...

Bom, meu caro Manolo.
Como dizê-lo?
Eu no intervalo do Celta - Benfica também achava que se a malta marcasse um golito a eliminatória ainda se endireitava...

Por isso...

sexta-feira, novembro 23, 2007 11:30:00 da tarde  

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