quarta-feira, dezembro 21, 2005

Sporting 3 - 0 Rio Ave

Muito bom. Entre o minuto 32 (primeiro golo de Liedson) e o 52 (lesão de Moutinho), o Sporting brindou-nos ontem com os melhores 20 minutos de futebol da presente temporada nos relvados nacionais. Não chorei o frio que rapei na bancada de Alvalade (mais de 23 mil pessoas, a uma terça-feira à noite - com debate presidencial e último episódio duma novela qualquer na TV - é assinalável).
Ontem aconteceram muitas coisas boas dentro do campo. Desde logo, um bom jogo de futebol, com um Rio Ave ousado, sem se aferrolhar cá atrás, a tentar discutir o resultado. Já tinha visto este Rio Ave ao vivo na Luz, no empate com o Benfica, e devo dizer que é sempre muito agradável ver esta equipa a jogar, de forma descomplexada, contra os "grandes". Se, na Luz, os de Vila do Conde podiam ter ganho o jogo, ontem tiveram o azar de apanhar o melhor Sporting desta época, com uma defesa muito sólida e um ataque que só não marcou mais porque não calhou. Convém, por isso, deixar um elogio a António Sousa.
O primeiro destaque vai direitinho para Rodrigo Tello, talvez o melhor jogador em campo, a actuar numa posição em que tantas vezes o tenho criticado. Assim, porque é justo, tem de se dizer que, a jogar como ontem, Tello pode ser o melhor defesa esquerdo a actuar em Portugal. Esteve intratável: seguro a defender, raçudo, sem dar um palmo de terreno aos adversários que lhe apareciam pela frente. Depois, no ataque, imparável, em perfeito entendimento com Moutinho, Sá Pinto, Nani, Carlos Martins ou quem quer que lhe aparecesse naquele flanco. Bons cruzamentos, descidas constantes à linha, passes acertados... Um regalo. Se continuar assim, teremos que nos render às evidências. Assim, sim, Rodrigo. Muito bem.
Depois, Liedson. Dois golos (e uma oportunidade incrivelmente falhada). Depois de um "tratamento anti-vedeta" em boa hora aplicado por Paulo Bento, uma pobre exibição contra o Estrela da Amadora e um jogo razoável contra a Naval, Liedson deve ter percebido que tem de ser mais profissional, quer seja para renovar o contrato, quer seja para ser contratado por outro qualquer clube. Ontem, aplicou-se, correu, esforçou-se, jogou e fez jogar e... marcou dois golos. Sintomaticamente, depois de muito tempo sem que tal acontecesse, as bancadas voltaram a cantar o seu nome. O Liedson de ontem foi o grande jogador que os sportinguistas se habituaram a idolatrar, e não o menino caprichoso e birrento que muitas vezes se passeou com a camisola do Sporting, ficou no Brasil para lá do prazo ou insultou o treinador. O Liedson de ontem foi o melhor Liedson. Deve ter finalmente percebido que até pode, legitimamente, querer ganhar mais, mas que já ganha o suficiente para se aplicar a fundo em todos os jogos para os quais é convocado. Com este Liedson vale a pena renovar contrato e pagar-lhe mais.
Liedson deve ter posto os olhos, aliás, no que se passou com este senhor. Rogério despediu-se ontem do público de Alvalade aplaudido de pé. Pelo profissionalismo que sempre dedicou ao Sporting, por nunca se ter ouvido uma queixa ou reclamação, por cumprir sempre com o que lhe era pedido, Rogério mereceu. Bom jogador, não é, nunca foi, um jogador brilhante. É, isso sim, um profissional irrepreensível, esforçado e competente. A sua postura foi sempre exemplar. Todos esperamos que volte, no final da época, para comemorar o título com toda a família sportinguista. (consegues perceber, Liedson?) Obrigado, Rogério. Boa sorte.
Depois, a solidez de Tonel - dá-me um certo gozo ver que o FC Porto, a atravessar uma "crise de centrais", vê um dos produtos das suas escolas (ou será das escolas da Académica ou Marítimo, entre outros?) como esteio da defesa do Sporting. Atenção, Scolari, Tonel merece observação cuidada. Miguel Garcia, após a saída de Rogério, esteve também muito, muito bem, não só a defender, como até - pouco vulgar - a atacar. Custódio e Moutinho certos como sempre (espero que a lesão de Moutinho seja muito ligeira). Nani trouxe ao intervalo uma muito melhor dinâmica e fluidez no jogo de ataque. João Alves, organizador de jogo na primeira parte, esteve bem, também. Depois da saída de Moutinho apagou-se e estoirou. O mesmo se passou com Sá Pinto, aliás. Deu o estoiro, completamente, nos últimos 30 minutos de jogo. Tentou sempre arrumar o ataque do Sporting, uma vezes com mais sucesso do que outras. Sobra-lhe sempre em querer o que lhe falta em pernas e discernimento. Carlos Martins entrou bem, apesar de menos eficaz e mais egoísta do que Moutinho. Deivid? - Bom, ainda não foi desta que me convenci de que a dupla Liedson/Deivid pode funcionar. Acho que não se entendem muito bem. Deivid sozinho, OK. Liedson, em forma e aplicado, titular indiscutível. Agora os dois, em simultâneo? - Continuo com fortes reservas. Mas sempre as tive em relação a Tello a defesa esquerdo e ontem o chileno fez-me, saborosamente, engolir em seco todas as críticas que fui fazendo a essa opção. Ricardo mais uma vez, calou todos os que lhe enfernizaram a vida (com contributos do próprio, é certo). De Polga continuamos, ainda, a esperar sempre mais. Algumas hesitações e desconcentrações, mas está em crescendo. Ainda vai ser o grande central que todos achamos que pode ser.
Em conclusão: o jogo de ontem pode ter sido muito importante para o Sporting. Paulo Bento transmite garra e vontande aos jogadores e está a arrumar a casa. É verdade que tudo correu bem. Há jogos assim. Com eventuais reforços de Natal, em Janeiro podemos aparecer ainda com mais força. Com este Sporting, os adversários que se cuidem. Que grandes Festas...

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tu queres ver que o melhor futebol do campeonato nacional está de volta !? (exclamacao interrogativa)

Que pena já irem tarde para puderem estar de novo na final da UEFA ...! (suspiro exclamativo)

quarta-feira, dezembro 21, 2005 3:26:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Mas ainda muito a tempo de sermos campeões nacionais, ganhar a Taça e oferecer os melhores espectáculos de bola aos adeptos portugueses! (exclamação esperançosa)

quarta-feira, dezembro 21, 2005 3:54:00 da tarde  
Blogger manolo said...

Saímos tranquilos e leves de espírito na fria noite de Alvalade. O jogo foi competitivo, parabéns aos dois clubes, vitória certa, regresso do grande Liedson. Tello foi surpreendente, Tonel pegou de estaca, J. Alves bem na 1ª parte. Mas, ainda não somos uma grande equipa. Falta-nos laterais que apoiem o ataque, passes mais escorreitos, mas estamos no bom caminho. Pena foi o escorregão contra o Estrela. Mas a confiança, pressuposto das vitórias (e vice-versa) vão aparecendo. Próxima jornada, Braga. Vamos a eles.

quarta-feira, dezembro 21, 2005 6:43:00 da tarde  

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