quinta-feira, dezembro 15, 2005

Revolução no Plantel?

Confesso que sou um leitor assíduo de jornais desportivos, em especial do Record (passe a publicidade). E do que tenho visto nos últimos dias dá a ideia que o Sporting vai fazer uma revolução no plantel. Claramente trata-se de um exagero, mas a verdade é que estas notícias só vêm confirmar aquilo que já se sabe há muito: o plantel do Sporting é fraco, sobretudo para uma equipa que quer ganhar o título nacional.
Tudo começou com o início da nova época e neste domínio, Peseiro tem responsabilidades. Se a saída do Rui Jorge até é defensável, a do Pedro Barbosa é de todo incompreensível. Hugo Viana saiu, sem que se tenha feito qualquer esforço para o manter. A posição de defesa central - claramente um dos sectores mais fracos na época passada - ficou ainda mais enfraquecida com a saída do Enarkarire e o Sporting limitou-se a colmatar essa saída com a entrada de apenas um novo central - Tonel.
Mais recentemente, o início da época ficou marcado pela novela do Manoel, um jogador contratado para esta época, mas que foi dispensado ainda antes dela ter começado. Não teria feito mais sentido mantê-lo no plantel em detrimento de Silva, um jogador que na minha opinião já esgotou as oportunidades em Alvalade? Ainda nesta fase, a gestão desportiva do Sporting, sempre muito rigorosa nos gastos, investe não sei quantos milhões num jogador brasileiro que já havia tido uma experiência falhada na Europa – sempre uma mau sintoma –, quando se calhar fazia mais sentido gastar esse dinheiro no reforço de outros sectores ou até garantir a continuidade de Liedson.
Já no decorrer da época, surgiu o caso Rochemback. Neste caso porém, pareceu-me que o Sporting podia fazer pouco para contrariar essa saída (houve também o caso Douala, mas esse foi apenas mais um caso de má gestão desportiva e quiçá financeira). Teve também azar nas contratações que lhe estiveram associadas - João Alves e Wender - jogadores que pareciam ser uma boa aposta, mas que têm demonstrado pouco nesse sentido.
A questão que se coloca então é, se o plantel é mau, porque mandaram Peseiro embora? Peseiro tinha, na minha opinião, um problema de credibilidade, com impacto na transmissão da confiança e das suas ideias aos jogadores e na capacidade de gerar entusiasmo junto de sócios e adeptos. Ainda assim e não obstante algumas responsabilidades de Peseiro, parece-me que o treinador não é/ foi o maior culpado. A saída do "Roca" teve muita influência (já evidenciada nas épocas anteriores, sempre que ele se lesionava) e além disso parece-me que os jogadores acabaram por "deixar" cair o treinador. E como disse Sá Pinto, não era possível mandar os jogadores embora.
A saída de Peseiro era inevitável, ao passo que a entrada de Paulo Bento era evitável, pelo menos para já. Entendo que a solução ideal seria ir buscar um treinador com mais experiência e utilizar o Paulo Bento como adjunto, na perspectiva deste um dia assumir o cargo de treinador principal. Ao optar-se pela solução actual, pode-se ter queimado uma excelente solução no futuro.