sábado, março 25, 2006

Contra a corrente

Penso que devo manifestar a minha profunda convicção; na minha opinião, os sportinguistas preocupam-se demasiado na critica aos árbitros e com isso não contribuem para melhorar o futebol em Portugal. Não me critiquem já. Vejam isto pelo lado positivo. Simplesmente não consigo encarar o futebol sob o prisma da culpa do árbitro. Vivo intensamente o futebol, o jogo em si, já me vieram lágrimas aos olhos algumas vezes (aqueles 5-0 do Katzirz, contra o Celtic depois de ganharmos em Alvalade 2-0…), para não falar da final do ano passado, tal como também já gritei com as veias do pescoço a rebentar de euforia em Alkmaar, do Miguel Garcia. Esta é a força, o encantamento do jogo: grandezas e misérias. Gosto de saber a história dos Mundiais e já assisto a jogos em Alvalade, desde o Yazalde. A maior contestação ao árbitro que vi, foi contra o Kaiserslautern. Actualmente o ambiente em Alvalade é de grande pressão sobre os árbitros. A minha ideia do árbitro é “à inglesa”, ou seja, um tipo que gosta de futebol e tenta ajuizar, em instantes, todas as contingências do jogo, de um jogo simplesmente. Mesmo o saudoso jogo da Glória tinha a casa da Morte. Assisto também a jogos de Campeonato de escolinhas e infantis e os árbitros são ainda puros, e também cometem erros, embora façam o melhor que possam. O único bom sistema é conseguir ir apurando os melhores, por definição, os que cometem menos erros, mesmo em jogos difíceis, que conseguem obter o respeito, durante o jogo, de jogadores, treinadores, imprensa e público. Quando falo nesta selecção “evolucionista”, refiro-me a mecanismos que, através das nomeações, das observações, do reconhecimento e da penalização filtrem os bons dos maus.
Os árbitros não são anjinhos, são sujeitos a grandes pressões, há muitos interesses envolvidos e mesmo os melhores cometem erros. O que tenho de reconhecer é que hoje a situação é melhor do que era. Lembro-me ainda da luta dos Pintos, das “suecadas” das Associações que ganhavam o único lugar que interessava: Presidente da Arbitragem. A tacanhice era idolatrada, o recurso à corrupção, constante. Um grupo de dirigentes era a cara do sistema, e iniciaram a sua perda de poder, imediatamente a seguir a atingirem o apogeu. Para isso contribuiu a tal “lufada de ar fresco”, da seriedade dos clubes como parceiros económicos, que orgulhosamente, posso dizer, contribuiu como nenhum outro, o meu clube, pioneiro de quase toda a mudança. Para que o ambiente ao redor da Arbitragem seja saudável deve-se tornar eficaz um sistema que (à falta de melhor) se pode chamar de profissional, mas sobretudo deve ser um sistema que seleccione os melhores árbitros. Não é necessário inventar nada, e o Manifesto (iniciativa do Sporting e Benfica) define os passos a serem dados.
O resto depende de nós, público, sendo o papel da imprensa como uma alavanca; seria pedir demasiado que, quando se fala em árbitros, todos aceitassem dois pontos prévios?
1. respeitar o homem-árbitro-juiz e
2. Não dar demasiada importância aos erros de arbitragem.
Quem não consegue aceitar estes pontos prévios pode e deve deixar de ler.

Na excelente meia-final da Taça, vi um Sporting a impor-se, a discutir o jogo, que inclusivamente só não ganhou a 8 minutos do final do prolongamento, quando houve uma desconcentração causada pela inexplicável expulsão de Caneira. O Porto jogou muito bem mas nós chegámos a dominar grande parte do jogo, forçando o Porto a encolher-se. Pensei nas palavras de Rantas, “Cínico e Eficaz” e já só faltava a eficácia. O golo foi espectacular (falha do defesa deles e Nani num passe com mel, ao grande Liedson, um dos melhores avançados que vi no Sporting). Moutinho foi o azarado. Tenho a certeza que todos os sportinguistas desculparam a mais este diamante (a pensar e executar futebol). Vi também o penalty (a meio da primeira parte), que mudaria por certo o decorrer do jogo. Um erro grosseiro, pensei. Agora parece haver dúvidas. (El Ranys, “É manipulação e cheira muito, muito mal. Haja vergonha”, acho um exagero).
A verdade é que os erros, a existirem, são parte do jogo. Não somos sempre beneficiados nem sempre prejudicados. As equipas pequenas sim, são quase sempre, no balanço geral, prejudicadas. Tenho pena de sermos criticados (pelos do Benfica e do Porto), por nos queixarmos constantemente dos árbitros.
Um qualquer jogo de futebol do Campeonato de Inglaterra, da Premier, é sempre melhor do que qualquer jogo de futebol da Liga Portuguesa. Isto não é verdade, mas podia ser. E qual é a maior diferença? É o público do futebol. Não olham para o jogo focando-se na equipa de arbitragem. O futebol é muito mais interessante que isso. O meu desejo, e nesse sentido a minha fraca contribuição, é que os adeptos portugueses de futebol das próximas gerações evoluíam, e tendam a ser à maneira dos ingleses, que “ignoram”, no bom sentido, o árbitro, e apoiam o seu clube, mesmo quando o resultado é adverso e as coisas não estão a correr bem. Tanta diferença! Evidentemente não me inibo de criticar e há árbitros maus e bons. Mas não entendo os que consideram todos os árbitros maus, vigaristas e com o desejo insaciável de nos prejudicar dolosamente. Já se puseram no lugar do árbitro?
A equipa está bem e recomenda-se. Mas pode não ganhar. Duas coisas são certas: É difícil e lutaremos até ao fim. E, quando, depois do “chato” Penafiel, do “último” grande obstáculo Guimarães, recebermos o Porto, …. seremos campeões. Mas, mesmo não o sendo, quisemos, e tivemos uma equipa a suportar com brilho o desejo de vencer, independentemente dos árbitros.

15 Comments:

Blogger El Ranys said...

Meu caro Manolo,
Previa que ias abordar este assunto. Esta é, aliás, uma discussão recorrente.
Eu concordo contigo em muitas coisas. Mas há sempre algo nos separa.

Não deixa de ter piada seres tu próprio a admitir que tens "pena de sermos criticados (pelos do Benfica e do Porto) por nos queixarmos constantemente da arbitragem". Mas fico algo espantado: desde logo, eles também se queixam, e muito. Basta, aliás, ver o Benfica dos últimos jogos ou o Porto do jogo da Luz, o ano passado. Essa gente é gente "desqualificada" para criticar-nos a este propósito. Portanto, o melhor que tens a fazer é mandá-los calar.Ou gozar tu com eles, também.
A verdade é esta: historicamente, os 3 grandes são mais beneficiados por erros de arbitragem do que os outros. Sâo estes os 3 clubes que discutem o campeonato, que muitas vezes se decidem num jogo chave ou por uma escassa diferença pontual.
Historicamente, também, destes três, quem é mais prejudicado por erros de arbitragem é o Sporting. O Benfica, pela sua "força imaginada" (sublinho o imaginada) foi, durante muitos e muitos anos dono e senhor das instituições do futebol. No início da década de 80, os ventos mudam e começam a soprar de Norte. A aliança Pinto da Costa / Valentim Loureiro dá os seus frutos e o Porto começa a ganhar tudo, o que lhe permite ir construindo cada vez melhores equipas. Desde o início do milénio, o Benfica conquista alguns lugares de relevo na Liga e começa o equilíbrio de poderes. O Sporting? - Bom, o Sporting´deixa-se levar, como instrumento, por um ou por outro, alinha com o FCP ou com o SLB para tentar "equilibrar" as coisas. É o único, dos 3 grandes, a quem só interessa a iguladade de tratamento, e não maior poder. É o único onde é possível ouvir discursos como o que acabas aqui de fazer.
Só que, e o problema é este, o teu discurso parte de uma ilusão. Tens indícios suficientes para perceberes - se quiseres perceber -que há corrupção, compadrio e esquemas na arbitragem. Apito Dourado, viagens ao Brasil, escutas telefónicas divulgadas pela comunicação social, o que é que, disto, te passou ao lado?
Achas então normal que Paraty anule aquele golo ao Rio Ave e deixe o Mantorras elevar o pé até à cabeça do adversário para o golo do Benfica? Não devemos falar disso, na tua opinião!
Achas normal que Olegário se engane variadíssimas vezes no Porto-Sporting, mas sempre, curiosamente, em prejuízo do Sporting (mão evidente e não sancionada do Pepe, foras-de-jogo absurdos, expulsão do Caneira, não expulsão de Bosingwa bem antes do que quando aconteceu...)Tu achas normal. Com fairplay, não devemos falar disso. Achas normal que a Liga nomeie, para o Sporting-Penafiel, numa fase crucial do campeonato, um árbitro do Porto, Rui Costa, com quem o Sporting mantém processo cruzados.
Deves achar, também, normal, que com outro árbitro do Porto, que dá pelo nome de Paulo Costa, e por sinal irmão do artista que nos calhou para o próximo jogo, o Sporting só tenha conseguido ganhar um jogo ao fim de 10 apitados por ele. Tudo normal. Achas normal que, por uma queixa apresentada já no início de Fevereiro, por uma besta que dá pelo nome de Rui Alves, a Liga só venha agora, em fase crucial do campeonato, quase no final de Março e nas vésperas de jogos chave em Guimarães e contra o Porto, abrir porcessos disciplinares a três jogadores do Sporting, dois deles (Tonel e Sá Pinto) fundamentais na recuperãção da equipa. Para ti, isto é tudo normal, devemos olhar com condescendência, encolher os ombros e dizer "são humanos, erram".

Então, caro Manolo, vou-te dar uma novidade: há corrupção no futebol português. Existe batota nas competições nacionais. Existem até, imagina, condenações em tribunal e mega-processos em investigação sobre este assunto.

Espantado? Lamento.

Essa tua ideia - bonita, sem dúvida - de que caminhamos para um futuro lindo, com novas gerações cheias de fairplay e tolerência ao erro, faço-a minha.

Por outro lado, acho que nada vai mudar por inércia e tolerância ao disparate e vigarice. Admito que o futebol apela, muitas vezes, a elementos mais emotivos e menos racionais.
Dou a minha cabeça à guilhotina: se, nos restantes aspectos da minha vida, tento dar primazia à razão, no futebol, muitas vezes, não consigo. É mais forte do que eu. Mas também não me preocupo muito. Já há muito tempo que relativizo o futebol, afirmando a propósito que não é ele que me paga a renda de casa.

Com dizia esta semana um dirigente do Sporting, "se calhar, somos muito anjinhos para andar aqui..."
É. Eles são. Tu também.

O Porto, o Benfica e, ocasionalmente, o Boavista (que só conseguiu ser campeão graças a arbitragens amigas) agradecem. Só não me lembro de uma única vez, em toda a minha vida, desde que vejo futebol - e sabes que comecei muito novinho, há muitos anos - em que o Sporting tenha sido campeão por causa das arbitragens. Dos outros, sim, lembro-me. A isto chama-se batota. Eu gosto de futebol. De batota, não. E reclamo, claro, como cliente: quando pago o meu bilhete ou a assinatura da SportTV, pago para ver futebol. Não batota. Por isso, reclamo.

PS: quanto à questão da "manipulação de imagens", claro que há exagero da minha parte. Mas, seja dentro ou fora da área, é falta que devia dar expulsão. Erro grave do árbitro.

sábado, março 25, 2006 3:03:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Agora, depois da teoria, a prática:
Falas numa selecção "evolucionista" dos árbitros, que permita filtrar os bons dos maus, através dos mecanismos de nomeações, observações e reconhecimento.

Mas é exactamente aqui que reside o problema, pá.
Os tais mecanismo, tal como funcionam hoje em dia, em vez de filtrar os bons dos maus, filtra os "amigos" dos "isentos".
Como sportinguista, acredito que Paulo Paraty, Olegário Benquerença, Carlos Xistra, os Paixão e Paulo e Rui Costa não são isentos, não têm categoria para apitar na primeira categoria. Estranhamente, permanecem nessa categoria há anos.
E a luta do Benfica, Porto ou Boavista é controlar esses "mecanismos" - os observadores, as classificações de arbitros, os conselhos de arbitragem e de disciplina da Liga.
O nosso discurso, de que toda a arbitragem deve estar fora da Liga, é positivo e construtivo. Entretanto, eunquanto não for - e acabará por ser, seguramente - restan-nos reclamar com veemência.

sábado, março 25, 2006 3:20:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Só para corrigir um erro factual do primeiro comentário: os do Porto não reclamam da arbitragem do jogo do ano passado da Luz, pelo contrário, essa reclamação passa para o lado dos benfiquistas. Mas que os do Porto reclamam das arbitragens, tanto ou mais que os sportinguistas (apesar de terem menos razões para isso) lá isso reclamam. Sinceramente, nessa matéria, não vejo nada que dê "moralidade" a algum dos lados para criticar os outros (basta lembrar as "jarras" do Veiga e os discursos tantas vezes do Pinto da Costa contra algumas arbitragens). Assim, se um lampião ou um tripeiro te criticarem nesta matéria, podes sempre refutar. Eles querem é que a malta ande caladinha, mas não têm razão nenhuma. Também eles reclamam (por exemplo, olhem para o Nuno Gomes dos últimos tempos, especializado em levantar os braços a pedir não sei bem o quê aos árbitros)...

sábado, março 25, 2006 4:01:00 da tarde  
Blogger manolo said...

Caro El Ranys, obrigado pelos comentários, que se percebe serem convictos. A questão é a atitude daquilo que depende de nós, pois é essa atitude que poderá ou não transformar o futebol nas futuras gerações. É ilusão pensar que tudo aquilo que referes, e descreves longamente, a podridão reinante que durante décadas, onde "A tacanhice era idolatrada, o recurso à corrupção, constante", deva acabar um dia? Não é ilusão. Tu próprio o dizes, "e acabará por ser, seguramente". Fazes o diagnóstico do, diria sistema quando existem clubes e pessoas (acusas SLB, FCP e BFC) que pressionam e querem controlar a arbitragem, para ganhar com batota. Concordo que isso existe. Mas não nos podemos ficar pelo diagnóstico, é preciso corrigir. E, honra seja feita ao Sporting, muito a ele se deve nesta fundamental empresa de credibilizar o futebol e a arbitragem. A solução passa pela proposta cuja estratégia é, o de criar sistemas de "selecção dos melhores", profissional, no sentido operacional. Ou não concordas? Concordo com o teu diagnóstico. O que posso, pela minha parte, fazer para empurrar o futebol pela positiva? Penso que os pontos prévios que indico são simples mas, muitas vezes, não mantemos a coerência. A tal, "Dou a minha cabeça à guilhotina: se, nos restantes aspectos da minha vida, tento dar primazia à razão, no futebol, muitas vezes, não consigo. É mais forte do que eu". Eu entendo isso perfeitamente. Mas o nosso sportinguismo só tem a ganhar, quando se reconhece simplesmente, "Erro grave do árbitro", como acabas por fazer. No meu modo de ver, não gosto de "resta-nos reclamar com veemência.", até porque o que me interessa não são os bastidores políticos, da velha "sociedade" portuguesa em todos os sectores, gosto intensamente dum jogo de futebol, muito especialmente se entra o Sporting. Mas não encaro os outros clubes, como inimigos; há em todos os clubes (todos conhecemos) pessoas com quem se pode discutir futebol e outras não. Olhando para estas ideias, "historicamente", como dizes, considero o clube uma "religião", com todos os perigos dos fundamentalistas, que passa por não aceitar os outros; ora isso seria a própria morte do sortilégio do jogo. E nesse aspecto, como em muitos outros não sou fundamentalista, embora, no que diz respeito ao Sporting também tenha a tal fé, que não se pode perder, mas, incrivelmente, para alguns, consigo pôr-me no lugar dos outros. Chamo a isto respeito. E esta é, El Ranys a nossa divergência.

sábado, março 25, 2006 5:56:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Qual? Acusas-me de não respeitar os adversários? É isso? Como? Porquê? Onde? Queres concretizar, ou fica só assim, no ar? Não me parece a melhor forma de chegarmos a alguma conclusão.

Porque, no fundo, dizes que faço o diagnóstico correcto e que, historicamente,analiso bem a situação. Concordamos nas possíveis soluções (profissionalização, independência da arbitragem...)
Afinal, só divergimos no facto de eu gritar a minha revolta perante a batota e de tu preferires calá-la, engoli-la.

Mas achas que isso é uma divergência profunda? Ou será mais uma divergência de estilo? E quem te garante que o teu estilo "come e cala" - desculpa lá, mas acho que é isso que propões - mais depressa nos levará a uma mudança?

Como sei que o prezas muito, lê o que Vitor Serpa escreve hoje na Bola. Está lá tudo.

E, quando me apontares aquilo em que te baseias, concretamente, para sugerires que não respeito os adversários, talvez a gente possa falar sobre isso. Mas baseados em factos concretos, não generalidades vagas.

Como sabes, fui andebolista federado durante cerca de 12 anos. Disputei campeonatos, torneios e outras competições. Cheguei a ser escolhido, imagina lá, para capitão de equipa, papel que desempenhei várias épocas. Nunca tive problemas disciplinares, nunca tive conflitos com adversários, soube ganhar e perder. Em resumo, fui educado para ser um desportista, um "sportsman", se quiseres. Mais uma vez, só não gosto de batota. Tu também achas que há batota, parece-me. Não a devemos, repetidamente, denunciar?

sábado, março 25, 2006 9:05:00 da tarde  
Blogger manolo said...

Não querendo alongar nem tornar enfadonha esta troca de opiniões julgo ter já explicado o meu ponto de vista explicando que "na minha opinião, os sportinguistas preocupam-se demasiado na critica aos árbitros e com isso não contribuem para melhorar o futebol em Portugal." Não me revejo no estilo "come e cala", e também não suporto ver um jogo e criticar sempre toda e qualquer intervenção do árbitro, como infelizmente uma larga maioria de espectadores faz. Claro que devemos denunciar as batotas, e esse processo está em marcha. Mas, sabendo que terei uma posição pouco popular, prefiro praticar aqueles dois principios: respeitar o árbitro, e não dar demasiada importância aos seus erros. E tenho a convicção que, se mais gente fizesse esta opção, o futebol tinha mais condições de afastar o "mundo cão dos compadrios e promiscuidades" que continua a existir, embora cada vez mais cercado, como demonstra o "Apito Dourado" e outros processos a decorrer.

sábado, março 25, 2006 10:07:00 da tarde  
Blogger Rantas said...

Eu gosto de ver futebol. Não gosto por aí além de policiais. Não gosto de teorias da conspiração nem de cabalas.

Essas coisas existem, bem sei. Mas se são casos de policia, prefiro que o continuem a ser. Os erros humanos fazem parte do jogo. Seja de um guarda-redes, de um defesa, ou de um árbitro. Faz parte, porra. Pepe fez penalty? Fez, sim; o árbitro não assinalou. Porquê? Isso é o que menos me interessa, sinceramente. Estou convencido que Olegário foi comprado pelo FC Porto? Não, não estou. Se estou convencido que ele é um mau árbitro? Não tenho opinião sobre isso. Considero, apenas, que ele errou nesse lance. Moutinho errou, falhou o penalty. Se acho que ele é um mau ogador? Não, não acho. antes pelo contrário!

A prpósito: acho engraçado que o advogado de Paixão tenha arrolado todos os jogadores do Sporting como testemunhas do julgamento, para afiançarem que Olegário também erra. Se isso contribui para ilibar Paixão, já me parece um exagero...

sábado, março 25, 2006 11:08:00 da tarde  
Blogger manolo said...

Uma ponte de entendimento poderá ser dividir a questão em dois níveis: o primeiro, o sistema. Existe uma promiscuidade de interesses que têm como objectivo influenciar os árbitros a beneficiarem os clubes. Tem a ver com nomeações, observações e classificações. Os árbitros são levados (porque o homem é fraco) a caírem nas boas graças dos clubes para assim ganharem prestígio, e subirem na carreira. Para evitar este estado de coisas, que dura à décadas, uma reorganização a nível de Liga e Arbitragem, assim como de pessoas tem que ser feita e está, digamos em curso, com uma autoridade moral do Sporting inquestionável. Ainda agora, buscas da PJ em casa do Rui Alves, presidente do Nacional. Da parte do adepto comum, como nós, a contribuição é escolher os melhores líderes dos nossos clubes, de modo a acabar com esta suspeição e, para simplificar, batota. A tal "selecção dos melhores" é a direcção, o objectivo. Serão os dirigentes capazes desta mudança?
O 2º aspecto é o jogo de futebol em si. Embora haja sempre erros dos árbitros (o golo anulado em Alvalade contra o Leiria é um caso flagrante) o que não suporto, e daí a minha crítica, é assistir a um jogo e estar permanentemente (não estou a exagerar) a dizer mal do árbitro; toda e qualquer falta está mal assinalada, e quando o árbitro apita (com o nosso acordo) então devia ser o cartão amarelo; quando o amarelo é mostrado, então deveria ser o vermelho. Ainda não satisfeitos, (e isto é a realidade) se não houver a menor possibilidade, pois o árbitro fez tudo que nos agradou, assim, é porque deve estar a preparar alguma contra nós, e está-nos a amansar. Será isto uma caricatura, mas reflecte aquilo que é regra geral. Ora o meu apelo, é que vamos buscar o tal espírito de fairplay, de "sportsman" como dizes, pois isso faria a grande diferença. O que digo no meu post é que essa é a grande diferença do público do norte da Europa. Se assim fizermos, continuarão a existir erros, certamente, mas nunca serão (esses erros) a essência do jogo. E acredito que todo o ambiente no estádio melhorará, a própria arbitragem cometerá menos erros, que é um bom e válido objectivo. E temos responsabilidades, com as futuras gerações (os nossos filhos) para que eles sintam o futebol de modo positivo, e não tenham mau perder, onde a desculpa fácil é quase sempre encontrada no árbitro.

O meu post vai no sentido de mudar atitudes e mentalidades, não de branquear toda a "batota"; dizes que "só divergimos no facto de eu gritar a minha revolta perante a batota e de tu preferires calá-la, engoli-la"; não corresponde exactamente, já que a tua revolta só existe quando achas que os erros são contra o Sporting, pois quando são a favor não sentirás grandes sentimentos de revolta, É natural. Eu não "engulo" a revolta; ou não a sinto, quando um fora de jogo é marcado no limite, ou coisa que o valha, ou exprimo-a de modo proporcional ao erro do árbitro. Tento aplicar aqueles dois príncipios: respeito pelo árbitro e aceitar com naturalidade os erros, sabendo que há um outro nível, político, se quiseres, que urge resolver, mas que é transversal à sociedade portuguesa: a valorização das amizades e dos interesses pouco claros em vez do mérito.
Para terminar, assisto aos jogos de futebol, dando à arbitragem pouco peso face aos restantes aspectos do jogo. E julgo que esta atitude é comum ao público adepto de futebol na Inglaterra e outros países, o que transforma, para melhor o jogo. E não se pode dizer que os adeptos não vivem intensamente (mais que nós) e lealmente o jogo e o seu clube.

domingo, março 26, 2006 3:09:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Invejo-te a capacidade de abstracção. Eu não consigo, quando assisto a uma arbitragem "manhosa" como foi, por exemplo, a do Olegário Benquerença, desligá-la do tal "sistema". A arbitragem foi má porque há sistema, porque estou realmente convencido de que o árbitro entrou em campo com a consciência de que "devia" prejudicar o Sporting.
Eis, então, a diferença essencial: tu entendes os erros de arbitragem em Portugal como meros erros de um homem em particulares circunstâncias.
Eu entendo muitos deles - repara, não todos, nem sequer, talvez, a maior parte - como erros premeditados, esclarecidos e intencionais, cometidos para tentar agradar ao tal "sistema".
Sim, estou convencido de que esta é a principal diferença de entendimento da questão.
Estou certo?

segunda-feira, março 27, 2006 3:47:00 da tarde  
Blogger manolo said...

Crónica do Miguel Sousa Tavares, hoje na Bola: "Sporting Clube Calimero". "Nunca assisti, e seguramente nunca irei assistir em dias da minha vida, a um jogo em que o Sporting perca e a culpa não seja do árbitro. Sucedem-se os presidentes, os dirigentes, os treinadores e os jogadores, e a culpa dos maus resultados nunca é deles, mas sempre dos árbitros. Já faz parte da cultura sportinguista, está de tal maneira entranhado naquelas almas que já não se dão conta das figuras ridículas, às vezes mesmo patéticas, que fazem"
Infelizmente, digo eu. No outro nível, "Lei de Bases deve avançar em Abril" "[...] No que se refere ao futebol, uma das grandes mudanças poderá ser a saída da arbitragem da alçada da Liga".
Felizmente, digo eu.

terça-feira, março 28, 2006 8:48:00 da tarde  
Blogger Rantas said...

El Ranys,
Em relação ao Manolo não sei, mas para mim a diferença essencial é mesmo essa que referes.

Manolo,
Gosto muito de ler as opiniões de MST. Parecem-me ser sempre opiniões abalizadas, esclarecidas, informadas. Excepto quando se trata de futebol. Aí, MST transfigura-se e revela um facciosismo, um enviezamento nas análises, que custa entender.
Apenas o básico subsiste: em se trantando de bola, a racionalidade e a lógica fica à porta. Pode trocar-se de partido político, de mulher (ou de marido...), de religião, de convicções, enfim, mas nunca vi ninguém (maior de 10, 12 anos, vá)a mudar de preferência clubística.

terça-feira, março 28, 2006 9:10:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Caro Manolo,
Já tinha lido a crónica do MST e devo dizer-te que dei uma gargalhada. Ao que o Rantas disse aqui em cima, que subscrevo na totalidade, acescento que, além do MST ser adepto do clube que, na realidade, controla o sistema, é também o cronista que tantas vezes nos fala, ainda, do "Calabote" (acho que eu não seria ainda nascido quando isso aconteceu e eles ainda falam disso) ou duma arbitragem aqui "atrasado" em Campomaior. Foi o que eu já te disse algures nesta conversa: que os tripeiros ou os lampiões venham dizer que nós nos estamos sempre a queixar de arbitragens faz-me ter vontade de lhes oferecer um espelho.
E depois, insisto, o Sporting, dos três grandes, é de facto o único clube que nuna foi levado ao colo até ao título. Por isso, é normal que, sendo o mais prejudicado, se queixe mais.
Não te incomodes, pá: quando se trata de futebol, o homem não dá uma para a caixa. Para sportingustas, a opinião dele tem tanto valor como a da Leonor Pinhão, isto é, ZERO.
Além do mais, os argumentos que ele utiliza são mentirosos. O Sporting já perdeu muitos jogos sem falar do árbitro e dando o mérito ao adversário.
Reforço: em relação a questões futebolísticas, estou-me a cagar para as opiniões do MST ou da Leonor Pinhão. São, as mais das vezes rídiculas.
Tem cuidado com a literatura subversiva que andas a ler, Manolo.
Se foste buscar os argumentos dum notório andrade e (no que ao futebol diz respeito) incoerente e inconsistente faccioso para dar força aos teus argumentos, por mim, mais valia estares quieto.
Sporting Club Calimero? Ele que tenha respeitinho, que é muito bonito. E tu, desculpa lá, mas selecciona melhor as "muletas" que vais buscar.

quarta-feira, março 29, 2006 12:38:00 da manhã  
Blogger manolo said...

Não fui buscar "argumentos". A minha crítica foi anterior. Depois confirmo que os "outros" nos criticam. É tão simples como isto: não façamos da arbitragem (e dos seus erros, quando são a desfavor) o fundamental do jogo. Acho que é razoável.

quarta-feira, março 29, 2006 11:40:00 da manhã  
Blogger Alex said...

Esta é uma discussão recorrente, de facto. Estou cem por cento de acordo com o Manolo. Não há futebol sem árbitro. Não é nada fácil ser árbitro. Os árbitros erram. Eu aceito o erro como uma contingência do futebol. Acredito que os árbitros não querem errar, não querem ter influência no resultado, não querem ter dualidade de critérios. E acho que é uma evidência que hoje a arbitragem é melhor do que era há 10 anos e muito melhor que há 20. E, como diz o Manolo a solução passa pela escolha dos melhores através das avaliações que são feitas. E que só pode passar pela independência da Arbitragem face aos Clubes (Liga), pois é a única forma de os árbitros não dependerem dos Clubes para a evolução das suas carreiras.
Esta é uma parte da quetão que o Manolo coloca, outra é a recorrência de os Sportinguistas, no geral, e tu, El Ranys em particular, fazerem um choradinho sempre que um jogo corre mal. Quantos postes fizeste sobre a arbitragem do Olegário ? 3? 4? E afinal de que tanto te queixas ? Não marcou um penalty. E será que foi penalty ? Talvez não. E então? Falta a expulsão ! Ridículo. Mas o árbitro fez mais. Fora de jogos mal tirados, deu o 2º amarelo ao Caneira ! Ridículo. O Sporting teve o pássaro na mão e deixou-o fugir no fim da partida. O futebol é glória mas também é tragédia, drama. Haverá sempre erros que nos prejudicam e também erros que nos beneficiam. Considero que os erros da arbitragem fazem parte do futebol. São sorte ou azar. O golo do Luisão no derby do ano passado, foi azar para vocês sorte para nós. O árbitro podia ter marcado a falta (embora não ache que tenha havido falta) e eu aceitava. Em muitos lances, que são difíceis de ajuizar (até em câmara lenta, na televisão) o árbitro apita ou não segundo um impulso do momento. Lembras-te do 1º derby na Nova Catedral? No principio do jogo Silva manda-se para o chão, Moreira nem lhe toca o árbitro marca penalty. Azar nosso, sorte vossa. E do último derby no Estádio da Luz ? Fim do jogo, estávamos a ganhar, Jardel manda-se para o chão, árbitro assinala a marca da penalidade ! Azar nosso, sorte vossa. É jogo. Acharem, particularmente tu, que são sempre prejudicados é ridículo meu amigo.
Este ano fui 3 vezes a Alvalade. Digo-te, muito honestamente que o que me impressionou mais foi a pressão sobre o árbitro que o público faz. Se o árbitro marca uma falta contra o Sporting, a casa vai abaixo ! É impressionante. Pouco apoia a equipa, mas a pressionar o árbitro são campeões!
Mas dizes mais, caro El Ranys, dizes que historicamente, apenas o Sporting é campeão sem a ajuda dos árbitros. Os outros só são campeões à custa dos árbitros. Não achas demasiado ?
Diz-me que tal achaste a arbitragem de Rui Costa, no Sporting-Penafiel. Apesar de achar uma decisão incompetente, julgo que criticaram tanto, que o árbitro estava pressionadíssimo, e se tivesse azar...
Para terminar, amigo El Ranys, digo-te a minha opinião : estando o Sporting a 2 pontos do Porto, e indo recebê-lo, têm todas as condições para serem campeões. Tiveram azar em não estar na final da Taça (não digo que merecessem mais que o Porto, mas tiveram perto). O que os adeptos sportinguistas deviam fazer era apoiar a equipa e não se preocuparem com as arbitragens. Foi assim que o SLB foi campeão o ano passado.
Saúdinha

quarta-feira, março 29, 2006 11:58:00 da tarde  
Blogger El Ranys said...

Caro Alex,
Para começar, nunca disse que os outros só são campeões à custa dos árbitros. Muitas vezes, tanto Porto como Benfica foram campeões porque, simplesmente, foram as melhores equipas. Mas o Benfica ou o Porto também já foram campeões com a ajuda dos árbitros e não me recordo de isso ter acontecido ao Sporting. É diferente das palavras que me queres atribuir, não achas?

A pressão sobre o árbitro é igual em Alvalade, na Luz ou no Dragão. Não me venhas cá com histórias. Uma mentira muitas vezes repetida pode tornar-se verdade e tu repetes-me isso constantemente. Podes continuar a repetir. Não é verdade.

Acho que a arbitragem do Rui Costa foi normal, sem grandes casos. Bom para a arbitragem. Bom para o futebol.

Não acho que algumas arbitragens sejam uma questão de sorte ou azar. Pedro Henriques é um bom árbitro. Lucílio Baptista parece-me honesto. Pedro Proença acho que é sério. António Costa tornou-se, com a experiência, bom árbitro. Todos eles podem errar, contra o Sporting, que mantenho esta opinião.

Mas vocês parecem virgens ofendidas... apito dourado, já ouviste falar? cento e tal árbitros investigados por suspeitas de CORRUPÇÃO e FAVORECIMENTO!
José Pratas, Paixões, Paratys, Benquerenças, Paulo Costa, isso é tudo gente, para mim, mais que suspeita.
Não confio neles. Acho que prejudicam sistematicamente, sem pudor, o Sporting. Não é azar. É o sistema.

Sei que tu, como benfiquista, não sentes de maneira tão forte o problema. Os portistas e até os boavisteiros muito menos. Nós, sportinguistas, prejudicados por sistema, sentimo-lo. Eu, pelo menos, parece que o Manolo não.

Em resumo: há corrupção na arbitragem. Os clubes mais beneficiados pelas arbitragens são Porto e Boavista. O Benfica, historicamente e também na actualidade, continua a ser protegido (a tal "grandeza imaginada" ainda mete medo a muita gente).

De qualquer modo, para por um fim a isto, e a menos que surjam motivos de força maior (leia-se grande escândalo), pretendo nunca mais falar sobre casos concretos de arbitragem. Do que eu gosto mesmo é de futebol e estou mais interessado em que o Sporting ganhe ao Guimarães, depois ao Porto, e depois aos outros todos até conquistar o título. Spooooorting.

(os benfiquistas apoiaram a equipa o ano passado? Pois apoiaram. Mas também assobiaram o Trappatonni e mostraram-lhe, várias vezes, lenços brancos, ou não te lembras? Não queiras dar lições de apoio aos sportinguistas. Nós somos aqueles que andámos 18 anos sem ganhar nada e nunca faltámos ao apoio. Nós somos dedicados. Nós somos sofredores. Não andamos atrás das vitórias. Somos adeptos do Sporting incondicionalmente. Lições de apoio? Tem juízo, ou vai pregar para ao pé da estátua do Eusébio...)

quinta-feira, março 30, 2006 1:53:00 da manhã  

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