quinta-feira, julho 20, 2006

Coisas do Mundo do Futebol

O Mundo do Futebol parece ser por vezes a Twilight Zone, ou um País das Maravilhas onde Alice foi passear, regidos por um Chapeleiro Louco qualquer (não, isto não é uma crítica velada nem ao Madaíl, nem ao Scolari nem sequer ao Pinto da Costa; é uma análise da nossa postura - nossa, de todos nós - quando o assunto versa a bola). As regras do bom-senso são invertidas, a lógica transforma-se em bizarria, o que é verdade hoje pode ser mentira amanhã (e vice-versa).
O que pode explicar o atraso (de vida) do "caso Mateus"? Só no futebol seria possível uma anedota desenrolar-se desta forma.
O que pode justificar os comentários feitos sobre a saída de Manuel Fernandes do Benfica? O homem quintuplicou o ordenado, e acusam-no de falta de "amor à camisola". Onde é que esta gente trabalha?!
Por fim, a delicada questão das naturalizações de âmbito desportivo. Se Liedson- ou Deco - fossem profissionais de outro ramo, ninguém criticava . Mesmo se fossem desportistas mas praticassem outra modalidade, também não haveria qualquer problema - Francis Obikwelu e as suas medalhas, a espalharem o nome de Portugal no Mundo, aí estão para o demonstrar. O que se passará então no futebol para causar estas reacções tão negativas? É uma questão de patriotismo? Alguém julgará que Humberto Coelho é menos patriota por ter sido seleccionador da Coreia? E que dizer do treinador do México, argentino de gema, que defrontou a selecção do seu país no Mundial deste ano e quase ganhou? Seria menos patriota se tivesse ganho? Ou ao contrário: seria mais patriota se tivesse feito por perder?
Porque é que invariavelmente as pessoas têm dificuldades em verem esta profissão como... uma profissão? Porque é que o "amor à camisola" deveria justificar que alguém ficasse satisfeito por receber 20% do que outra empresa do mesmo ramo lhe paga? Porque é que Liedson não se há-de naturalizar? Já cá trabalha há 3 anos. Foi em Portugal que mais cresceu profissionalmente. Acredito que é uma mais-valia para Portugal. Julgo que Liedson não estará para aí virado, tendo esta questão sido induzida pelo jornalista. Mas se for bom para ele e bom para Portugal, porque não avançar com o processo? Porque não?

9 Comments:

Blogger Redus Maximus said...

"Porque é que invariavelmente as pessoas têm dificuldades em verem esta profissão como... uma profissão?" Porque o futebol gera paixões que se sobrepõem à razão. E quando assim não for...nós deixamos de amar este jogo como amamos! É por isso não é?
Atenção que eu acho óptimo para o Manuel Fernandes ir para o Portsmouth se vai ganhar cinco vezes mais. A carreira de futebolista é demasiado curta para se desperdiçarem estas oportunidades. Mas é inegável que o Benfica lhe daria mais projecção e se virmos exemplos passados (Hugo viana, Hugo Leal, Edgar...) de jogadores que sairam muito cedo e nunca chegaram a impor-se no clube para onde foram...em contraponto com outros exemplos, como é o caso do Rui Costa ou do Figo que fizeram quatro épocas de Senior no Benfica e Sporting e depois impuseram-se de forma indiscutível em Itália e em Espanha respectivamente.
Uma alfinetada: Porque é que eles vêm buscar o Manuel fernandes e não o prodígio João Moutinho?

quinta-feira, julho 20, 2006 2:33:00 da manhã  
Blogger Dever Devamos said...

Redus... sabes o que fazes com a alfinetada?

Quanto ao Liedson... não tenho problemas em ver um futebol como uma profissão. Ao nível de clubes. Se quiserem por o Sporting a jogar com 11 estrangeiros ponham. De preferência jogadores formados no clube.

A Selecção Nacional é diferente. Não é uma profissão. É a representação de um país.

Ser-me-ia indiferente ser campeão mundial com uma Selecção Nacional composta por 11 jogadores estrangeiros. Pelo contrário, o quarto lugar obtido na Alemanha deixou-me eufórico. Mais, com base nos resultados obtidos nas duas ultimas competições internacionais podemos dizer que estamos entre os melhores do mundo. Poder-se-ia dizer o mesmo noutra situação?

quinta-feira, julho 20, 2006 11:24:00 da manhã  
Blogger Dever Devamos said...

Utilizando o post do Rantas para responder ao El Ranys, o facto de não termos avançados à altura não pode servir de desculpa. Isso tão somente significa que estamos naturalmente limitados (à maneira darwiniana) a progredir mais. Não devemos então ter aspirações maiores do que aquelas reservadas às equipas com um bom conjunto de 10 jogadores e um mau avançado.

Isso é que faz a diferença para o Brasil (que tem avançados, tem médios e tudo o mais) e para o Luxemburgo (que não tem nada).

A Selecção Nacional deve ser o retrato da valia de um país (em termos futebolísticos).

Um dia destes vamos constatar também que não temos substituto à altura do Figo. Onde o vamos buscar? Ao Brasil? E quando o Ricardo deixar a selecção? E o Ricardo Carvalho?

quinta-feira, julho 20, 2006 11:40:00 da manhã  
Blogger El Ranys said...

Não me parece muito adequado aproveitar o post do Rantas para responderes ao meu post. É lá, nos comentários ao meu post, que te respondo a esta questão.

quinta-feira, julho 20, 2006 11:51:00 da manhã  
Blogger Dever Devamos said...

Sorry El.

Como estamos todos a falar do mesmo!

quinta-feira, julho 20, 2006 2:18:00 da tarde  
Blogger Rantas said...

Caro Redus,

A alfinetada - se queres que te diga, acho que se está a comprar gato por lebre. Não porque ele seja mau jogador, mas porque os valores envolvidos são, obviamente, exagerados. Mais uma questão (associada à alfinetada) - o Benfica só detém 50% do passe do Manel Fernandes, pelo que a notícia do Record de hoje em como o Benfica iria encaixar o bolo todo parece-me, no mínimo, bombástica e pouco séria - para não dizer risível e reprovável, ainda mais que refere 35 milhões, constituídos por 15 milhões do M. Fernandes (só se podem contar 50%) e por 20 milhões do Simão - que está "reservado"! no entanto, não explicam quem deu o "sinal"...

quinta-feira, julho 20, 2006 4:14:00 da tarde  
Blogger Rantas said...

Quanto ao post propriamente dito, estou mesmo desapontado com as estruturas ditas responsáveis do futebol português - o caso Mateus, o caso N. Assis... faz falta um processo judicial a sério, como em Itália, que coloque as estruturas do futebol a funcionar porque há regras e não porque A é filho, ou sobrinho, de B, ou porque C torce pelo clube D. Regras são regras. O futebol português é uma das indústrias nacionais com mais sucesso internacional, gerando elevadas receitas de exportação e projectando uma excelente imagem do país. Esse sucesso não deveria ser colocado em causa por esses badamecos.

quinta-feira, julho 20, 2006 4:19:00 da tarde  
Blogger Redus Maximus said...

Caro Rantas,

eu não sou advogado do Record que é um "Jornal" de notícias cor de rosa, boatos e de vez em quando de informação verdadeira. Mas o que diz no Record é:
"O Benfica vai receber do Portsmouth 9 milhões de euros que, somados aos 6 que o fundo de investimento MSI já havia desembolsado, permite aos encarnados embolsarem 15 milhões de euros."
Aonde eu queria chegar com a minha alfinetada era que o Manuel Fernandes é muito melhor que o Moutinho. Só isso :)
Quantos aos valores envolvidos é óbvio que o que o Portsmouth está a fazer é um pouco o que a Fiorentina fez quando veio contratar o Rui Costa à Luz. Contratar jogadores de elevado potencial que permitam ao clube num espaço de dois três anos estar a lutar pela Europa na Premiership. Parece-me que é essa a estratégia. Daí investirem tanto dinheiro num meio campista. Que de facto é muito dinheiro. Daí ele ir sair. Felizmente os saldos no Benfica terminaram.

sexta-feira, julho 21, 2006 12:26:00 da manhã  
Blogger Rantas said...

Bah! Balelas!

sexta-feira, julho 21, 2006 3:57:00 da tarde  

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