segunda-feira, setembro 24, 2007

Balde de água gelada

Quando, no minuto 90, a bola, delicadamente, suavemente, passou centímetros ao lado do poste esquerdo, rematado pelo “comprido” Purovic, o suspense que durou toda a 2ª parte terminou. Afinal o final não seria feliz. Castigo severo para uma equipa que durante a maior parte do 1º tempo não teve a garra leonina do costume, que deixou andar, adormecida no seu convencimento de superioridade, de que a vitória chegaria. Que raio de costume, só em caso de extrema necessidade (a perder) é que vamos “para cima deles”!! Lembram-se do Sporting na parte final da temporada passada? Os resultados devem ser construídos logo a abrir, como muito bem se fez o ano passado.

E a equipa até entrou bem no jogo. No primeiro quarto de hora encostámos os sadinos na sua área, atacámos pelas alas (Vukcevic na esquerda) e ganhámos cantos. Mas foi apenas uma promessa. Cedo optámos pelo facilitismo do jogo directo (não houve progressão pelo chão) e pelos cruzamentos a ¾ do campo, sem perspectiva de sucesso. Ou seja, não causámos perigo, nunca houve verdadeiras oportunidades de golo (excepção ao remate de Moutinho, com defesa do guarda-redes setubalense), mas a “facada” do 0-1 à beira do intervalo foi demasiado.

Enfim, Paulo Bento mexeu ao intervalo (se não me engano, uma estreia) e tirou o “dorminhoco” Farnerud, que aparentemente não sabia exactamente a sua posição e vagabundeou pelo campo, ao sabor … das ondas, entrando Romagnoli, para “nº 10”, e fez entrar Izmailov para o lugar de Gladstone (descendo Veloso a central e Moutinho para médio recuado).

Como foi dito, a história da 2ª parte teve final infeliz mas o “enredo” foi completamente diferente, para melhor. A atitude e a garra demonstrada, permitiram que a equipa jogasse com velocidade e objectividade; oportunidades de golo sucediam-se com uma cadência elevada, mas “só” aos 15’ conseguimos o empate (penalty de Moutinho), e a “certeza” da vitória percorreu todo o Estádio, pela forma como dominávamos o jogo. Entrou Yannick por Vukcevic, e a bancada não gostou da saída do montenegrino, um dos melhores.
Mas o futebol teima em surpreender-nos, e aqui reside a sua fantástica atracção, nunca há certezas; aos 75’, completamente contra a corrente do jogo, num remate de fora da área, Stojkovic foi mal batido (“frango!”), mesmo concedendo que a bola o atraiçoou ao bater na maltratada relva! Balde de água gelada!

Mas a reacção foi de autênticos leões; a equipa não aceitou a infelicidade e numa jogada de insistência pela direita, Abel (mais uma vez, pois a falta que deu o penalty foi sobre ele) cruzou com “peso, conta e medida” para Purovic se estrear a marcar, de cabeça, ele que já começava a exasperar o público, com a sua ineficácia para ganhar bolas, especialmente de cabeça.

E o 3-2 esteve à vista, aos 90’. Seria fantástico, mas a sorte nada quis connosco. Moutinho foi inacreditável é um jogador extraordinário. Polga tem estado também a alto nível, Abel muito bem neste início de época, e Ronny tem surpreendido pela positiva. Veloso tornou-se fundamental e Romagnoli é cada vez mais importante. Vukcevic é o que mais tem demonstrado ser um verdadeiro reforço e apenas o ataque não tem estado ao nível: Liedson tem sido irregular (e simulador contra o Manchester) e Purovic ainda não se ambientou à forma de jogar, mas estreou-se a marcar, o que foi importante.

Assim, o Porto segue já com um avanço tranquilo, aproveitando um início irregular do Sporting. Após a derrota no Dragão, vencemos o Belenenses (Moutinho falhou um penalty), mas Liedson resolveu, e não demos hipóteses na Amadora (0-2), podendo chegar facilmente à goleada (2 golos anulados e dois penalties perdoados). Agora este empate com o Setúbal, após a estreia com mau resultado na Champions contra o Manchester, acaba com um certo estado de graça e aumenta a exigência nos próximos jogos de grau de dificuldade máxima: em Guimarães, Taça da Liga, depois a visita ao vizinho-rival Benfica e por último uma viagem decisiva à Ucrânia. Cada jogo é um risco, mas isso são os “ossos do ofício” de um grande clube como o nosso. Sem medos.

1 Comments:

Blogger LEÃO DA ESTRELA said...

O futebol do Sporting precisa de uma cultura de exigência e responsabilidade. Uma cultura de exigência implica que todos dêem o máximo. Uma cultura de responsabilidade implica que os erros tenham um rosto. O discurso redondo de Paulo Bento logo após o empate frente ao Vítória de Setúbal - no sentido em que não trouxe nada de novo em relação ao que toda a gente vira durante o jogo - não tem lugar neste patamar de exigência e responsabilidade que todos os sportinguistas devem preconizar para o futebol do clube. Parece que está na hora de tomar decisões técnicas. Se Stojkovic falhou, se ele continua a ter medo de agarrar a bola, por mais inofensiva que ela seja, então não revela categoria para ser guarda-redes do Sporting e talvez esteja a precisar de uma "cura de banco". Que Paulo Bento tenha coragem e lance Rui Patrício já em Guimarães. Foi assim que começou Vítor Damas. Ainda no âmbito de uma cultura de exigência e responsabilidade. O que se passa com o relvado é lastimável. A UEFA já deveria ter vetado o Estádio José Alvalade para os jogos da Liga dos Campeões. Mas o mais grave é que ninguém tenha sido responsabilizado pela vergonha lesa-futebol que o Sporting está a promover.

segunda-feira, setembro 24, 2007 4:52:00 da tarde  

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