sábado, abril 11, 2009

Nem sonho nem fracasso

Após a jornada de hoje (vitórias do FC Porto e do Sporting, derrota caseira do Benfica), acredito que muito dificilmente haja alterações no topo da tabela classificativa. Se bem que a distância que nos separa do Benfica parece confortável (4 pontos), também o fosso pontual para o FC Porto me parece intransponível (os mesmos 4 pontos, que na realidade são 5).
É altura para se poder fazer um balanço da época sportinguista - conquista da Supertaça frente ao FC Porto, derrota na final da Taça da Liga com o Benfica, presença inédita nos oitavos da Champions (e derrotas copiosas com os colossos alemães...), eliminação por penalties perante o FC Porto na Taça de Portugal, 2º lugar na Liga Sagres.
Não tendo sido brilhante, a época foi indiscutivelmente positiva. De realçar o factor da formação, que tem permitido alinhar com cerca de 50% de titulares criados na Academia!
Podia ter sido melhor? Naturalmente que sim. Vejamos caso a caso, em cada competição.
Sobre a derrota na Taça da Liga, nem vale a pena falar muito. Já chegou a semana em que só se ouvia falar do Lucílio. Podia ter sido melhor, mas são as contingências do futebol. A equipa tem é de treinar melhor a marcação das grandes penalidades, porque ao contrário do que se disse e escreveu, o Lucílio não deu a vitória ao Benfica, "apenas" deu o empate. Os nossos jogadores desperdiçaram 3 penalties, e aí não foi por culpa alheia...
Quanto à Liga dos Campeões, o Sporting limitou-se praticamente a cumprir o serviço mínimo - vencer os ucranianos e os suiços foi suficiente para assegurar a primeira presença nos oitavos. Pelo meio, derrotas "gordas" com o Barcelona e, como despedida, uma dúzia de golos do Bayern. Este ano, o Sporting não permitiu grandes aventuras europeias - o que foi de facto estranho, até pela forma como se bateram num passado recente frente ao mesmo Bayern, em que disputaram os jogos de olhos nos olhos e a coisa não correu assim tão mal. A verdade é que o futebol assenta em momentos, lances decididos em fracções de segundo, e o resultado final não é a única forma de interpretar um jogo. Não vi os jogos com o Bayern, mas ouvi parte do relato da 1ª mão na rádio, quando ainda estava 0-0. O comentador dizia que os alemães vinham à espera de canja mas tinham encontrado caldo verde... independentemente da liberdade do estilo utilizado, significa que o Sporting não entrou atemorizado, antes pelo contrário. Mas enfim, nada explica os 12-1 da eliminatória. Como resumo da prestação europeia deste ano, podemos olhar para esses números ou, pelo contrário, saudar a 1ª presença nos oitavos e, não menos importante, os cerca de 13 milhões de euros arrecadados na campanha. Eu prefiro recordar esta última visão...
Na Taça de Portugal, outra vez a mesma conversa dos penalties...
Em relação à Liga Sagres, o incontornável 2º lugar. No quarto ano de Paulo Bento, o quarto 2º lugar. É frustante, de facto, mas temos de nos lembrar do óbvio - se ficamos em 2º é porque alguém fica em 1º, já diria La Palisse... e o que é certo é que o FC Porto tem estado imparável!
Depois da era Mourinho, em que ganhou tudo o que havia para ganhar (UEFA e Champions incluídas), um ano de transição, que resultou em disparates atrás de disparates. Em 2005-06 corrigiram o rumo e voltaram ao título, prevendo-se a conquista do tetra nesta época. O FC Porto, como voltou a demonstrar esta semana em Manchester, não é deste campeonato. E a justificação para este facto não reside nos quinhentinhos, nem na fruta nem nessas coisas. A justificação é simples, mas dolorosa para sportinguistas e benfiquistas - eles simplesmente têm sido melhores! Têm uma fabulosa política de contratações (quem conhecia Hulk no início da época?!) e uma não menos fabulosa política de vendas (Bosingwa, Pepe, etc.). Estes factores são indicadores robustos de como se trabalha bem no Dragão.
Para o ano, os desafios permanecem - tentar furar este ciclo de supremacia azul-e-branca, manter o Benfica à distância, assegurar uma boa receita nas competições europeias e manter a aposta na formação. Como sinais de preocupação, vejo a instabilidade directiva, que nos poderá custar o treinador. Sobre Paulo Bento: Acreditei quando lhe chamaram o "Ferguson do Sporting", terei muita pena se ele não continuar à frente do projecto. A equipa nem sempre encanta, é verdade, mas no futebol de alta competição joga-se para ganhar, não para encantar. E é esse pragmatismo que me encanta no treinador do Sporting... e a verdade é que já conquistou 4 títulos (2 Taças de Portugal, 2 Supertaças).
Uma última referência para os rivais da 2ª circular - façamos um balanço semelhante: Vitória na final da Taça da Liga com o Sporting (único título nos últimos 4 anos...), último lugar desprestigiante no grupo de qualificação da Taça UEFA (e derrota copiosa com uns gregos...), eliminação perante o Leixões na Taça de Portugal, 3º lugar na Liga Sagres.
O ano I da era Rui Costa dificilmente poderia ter corrido pior. É verdade que no ano passado ficaram em 4º, agora estão em 3º. Parafraseando o treinador do Benfica, poder-se-ia até acrescentar que perder em casa com a Académica por 0-1 nem foi mau de todo, porque no ano passado perderam por 0-3...
Nem se pode dizer que este ano não se investiu na equipa. Ao contrário do Sporting, cujas contratações foram no mercado do "custo zero" (Rochemback, Caneira e Postiga), para o Benfica foram feitas aquisições de luxo - Aimar, Suazo, Reyes, Sidney, Balboa, Carlos Martins, etc. Uns não passaram de flops, quanto aos outros sente-se que Flores não os consegue fazer render. Para o ano, nova enxurrada de estrelas para a banda da Luz, novo ciclo apregoado a todos os pulmões, enfim, a história que se repete época após época. O D. Sebastião está disponível, depois de ter sido despedido no México... e Scolari também anda por aí...

sexta-feira, abril 10, 2009

Emparedados entre o sonho e o fracasso; ou a distância que vai do primeiro ao terceiro

Brilhante jogo do Porto em Manchester, nos quartos de final da Champions. Quem me dera ser o Sporting! Ter uma equipa que joga com forte personalidade, metendo medo aos ingleses de Ferguson. Marcando um golo de inicio e obtendo o merecido (no mínimo) empate 2-2 já no final da partida, a exibição portista foi elogiada e reconhecida em toda a Europa futebolistica. E não se diga que foi o Manchester de Ronaldo, Rooney, Tevez e companhia, que estiveram inferiores. Não, o Porto fez um jogo fantástico, uma equipa afinada, que sabe o que quer e não tem medo de acreditar. Não está, ainda, nas meias-finais, mas ficou mais perto da ante-câmara do grande sonho: a final de Roma.

O Sporting ainda está muito longe destas andanças. Querendo ser verdadeiro, internamente temos vindo, nos últimos anos, a encurtar distâncias relativamente à equipa portista. Faltará ainda muito tempo, para que, também na Europa, sermos tão grandes como os maiores? Sendo optimista, sabendo que é necessário uma equipa sólida, que se constrói, passo a passo, quero crer que também na Europa o futuro será melhor que a actualidade. (embora com tristes e humilhantes despedidas, este ano chegámos o mais longe de sempre, na Champions).

Uma das premissas é estar todos os anos presentes. Esse objectivo consegue-se na Liga Nacional. Este ano só o campeão terá passagem directa, e o segundo tem que disputar duas eliminatórias de qualificação. O terceiro já não tem lugar. Assim, o foco destes últimos sete jogos é manter a senda de vitórias, mesmo como a última, mais luta e nervo, que domínio de jogo, na magra vitória contra o Leixões por 0-1. Foi difícil, como o serão todos os jogos, pois a pressão de não falhar aumenta exponencialmente. O golo de Derlei, surgiu aos 10’ quando, finalmente, conseguimos ligar uma jogada (Moutinho, e Liedson na assistência). Mas foi sempre um jogo fraco, "apenas" muita luta.

Claro que não depende só dos comandados de Paulo Bento. Todos recordamos o contentamento e a expectativa que sentimos, ao intervalo do jogo de Guimarães, quando os portistas perdiam 0-1. Portanto, é ganhar jogo a jogo, mantendo vivo este sonho, esta ansiedade, até ao último dia. E não é isto, precisamente, a razão pela qual seguimos apaixonadamente, o futebol? Por outro lado, o Benfica está demasiado perto. E já vimos que ficar em terceiro é um insucesso grave.

Este ano, ainda mais que o habitual, os benfiquistas são empurrados da formas possiveis; repare-se na mensagem aos encarnados da capa de “A Bola” de ontem: “Não desistam!”. Ganharam na Amadora, com muito pouco mérito, numa exibição "miserável", (só a mestria na marcação de grandes penalidades, os vai safando) e defendendo medrosamente a vantagem. Para completar as hilariantes declarações de Quique Flores à imprensa espanhola, explicando como é que conseguiu atingir o êxito em Portugal, nunca se cansando de afirmar a melhoria relativa ao ano anterior, em que o Benfica ficou em 4º. Uma espécie de história do Rei Vai Nú, como já aqui comentei.

Amanhã jogam os três candidatos, devido ao Domingo de Páscoa. Todos são jogos caseiros de ganhar. Em Alvalade vai a Naval. Mesmo sem contar com Vukcevic (baixa importante para o resto da Liga), temos a obrigação de ganhar. Conto com isso.