domingo, fevereiro 22, 2009

Obra-prima perfeita de Pereirinha e Liedson

Ser do Sporting significa também considerar o Benfica o rival a ultrapassar, o “inimigo a abater”. O Sporting-Benfica vale três pontos mas dá também uma satisfação a dobrar: para além da vitória dos nossos, a derrota deles. O orgulho de ser Sporting transborda neste derby e neles cresce a frustação.

E quando se ganha e convence, mesmo os suspeitos do costume, têm que admitir que o Sporting esteve muito acima, no futebol produzido, relativamente ao Benfica, cheio de superstars. Parafraseando “A Bola”, este ano particularmente inebriada pela equipa encarnada, “as vantagens de Paulo Bento sobre Quique Flores ainda se tornaram mais evidentes pela brutal diferença na qualidade de futebol mostrado pelas duas equipas.” E para que não fiquem dúvidas, segue: “Tão brutal diferença, que é justo dizer-se que o Sporting merecia melhor resultado”. Também para mim foi cristalino: se tivéssemos um pouco de sorte, como tinha pedido, o resultado pela margem mínima, 3-2, teria sido transformado para uma diferença de, pelo menos três golos. Ganhámos, sem espinhas e sem sorte.

O jogo era decisivo para nós. Perdê-lo significava ir ao Dragão, na próxima jornada com o espectro de ficarmos a 10 pontos dos portistas e a 9 do Benfica! Seria o adeus ao título. Assim, com essa enorme pressão, fizemos pela vida. Desde logo o treinador, cujas declarações pré-jogo, faziam adivinhar aquilo que aconteceu: o Benfica resguardado, apostava unicamente no contra-ataque, esperando a perda de bola para partir para ataques rápidos através do seu trio de luxo, Reyes, Aimar e Suazo. O empate servia-lhes, e esperavam marcar num lance de bola parada. Mas nós trocámos-lhes as voltas e jogámos como eles não queriam.

Em qualquer jogo o primeiro golo determina muitas vezes o resultado final. Fundamental e decisivo, mais uma vez, Liedson. A maravilha daquele remate certeiro, que enrola para entrar no ângulo da baliza logo aos 10’, confortava e retirava ansiedade à equipa (e também aos adeptos). A primeira parte foi sempre equilibrada, com o Sporting a ter mais iniciativa mas sem arriscar muito. Poucos remates, muito escassas oportunidades de golo. E o Benfica chegou ao empate aproveitando o único erro de Polga que, surpreendido por Suazo, o derrubou, provocando penalty, que dava empate ao intervalo.

Pedro Silva e Rochemback a titulares, teimosia do técnico, que defende a sua aposta e que lá vai levando a água ao seu moinho. Estiveram ambos bem, mas juntamente com Grimi, longe do nível de todos os outros jogadores. Liedson, será recordado para sempre como um dos melhores avançados de sempre. Melhor que Jardel, que Acosta e Juskowiak, Gomes, Manuel Fernandes e Jordão, mesmo do que Keita e Yazalde. O levezinho tem sido o melhor avançado na Liga Portuguesa nos últimos anos e a sua forma está no melhor nível de sempre. E, especialmente contra o Benfica, Liedson está a criar uma lenda.

Abrindo a 2ª parte com o golo de Derlei (finalmente um passe que resultou de Polga), a equipa do Sporting dominou o encontro, com alto ritmo em busca do golo tranquilizador que por várias vezes esteve à vista. Com o meio-campo a pressionar bem dentro do meio-campo contrário, Izmailov, Moutinho e Vukcevic, estavam insaciáveis a construir jogadas de ataque, que a mobilidade de Derlei e Liedson transformavam em situações de finalização que se sucediam em bom ritmo. O jogo entusiasmava, mas o golo tardava em aparecer. Paulo Bento recorreu à arma secreta, ao trunfo escondido, jogado no tempo certo, Pereirinha.

Foi uma obra de arte: Lançado na direita por Izmailov, em velocidade, Pereirinha passa por David Luis (bola por um lado jogador por outro), e acelera para a linha final. Sidnei faz a dobra, mas, serenamente, Pereirinha senta-o, e tira um cruzamento de pé esquerdo, com peso, conta e medida. Ainda longe da baliza, o felino levezinho, antecipa-se a Maxi, e cabeceia forte, colocado e tecnicamente perfeito para o voo de Moreira, entrando a bola junto ao poste. Simplesmente perfeito. Finalmente, a tranquilidade.

O Benfica, que nunca quis verdadeiramente ganhar (ou disfarçou bem), que, com a colaboração do árbitro apostou quase só nos livres, perto ou longe da área, ainda assim, reduziu para 3-2, já no final do jogo, numa boa cabeçada de Cardozo. O Benfica foi fraco, nas palavras do seu treinador, Flores, e não merecia este golo, que dá a aparência de equilíbrio, que verdadeiramente não existiu; o resultado foi escasso, resumiu, de modo simples, Bento. No confronto de treinadores também uma vitória inapelável do leão.
Estamos preparados para os desafios que se aproximam: Bayern para a Champions e depois a visita, também decisiva ao Dragão. Peço, que repitam aquilo que de bom se viu ontem em Alvalade: Esforço, Dedicação, Devoção e Glória: Eis o Sporting

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Esperança da sorte ser nossa

Fiquei verdadeiramente feliz com o jogo do Restelo. Não que o Sporting fizesse uma “grande” exibição, mas pela costumeira má-fortuna, que desta vez deu lugar à querida sorte de conseguir um resultado bom, uma vitória fundamental, e que foi simultaneamente um espelho daquilo que se passou durante o jogo;

Assim, quando o Sporting sofreu o golo, já na 2ª parte, parecia bruxedo. A equipa tinha feito todas as despesas de um jogo disputadíssimo com um Belenenses com a corda na garganta, dirigido pelo campeão Pacheco, que merecia estar a vencer com tranquilidade quando desceu aos balneários. O Sporting mostrou que estava vivo, apesar dos últimos 3 jogos sem ganhar, teve garra e saber para dominar o jogo, sem conseguir, é verdade, muitas situações de finalização, e mesmo já com Liedson não conseguiu marcar.

A perder a equipa abanou. Mas não caiu. E Rochemback saiu.
A reviravolta foi sensacional. Vukcevic e Postiga marcaram e assistiram-se mutuamente para arrancar esta feliz vitória, que como disse, com razão, Paulo Bento, peca por escassa.

Na defesa Polga e Carriço estiveram bem. Temos a questão dos laterais por resolver. Continua a aposta em Pedro Silva, que é muito virado para a frente, mas que penso não ter consistência para titular, a colmatar a baixa de forma do habitual, Abel.
Pereirinha pode vir a ser um bom lateral, e podia ser já. O mesmo com Miguel Veloso do lado contrário, que jogou no Restelo e esteve (ou não esteve) no golo adversário. (Grimi precisa crescer, e Ronny é também muito imaturo).

Em grande o puto Adrien. Merece ser titular contra o Benfica e, a continuar com o momento actual, é um sério rival tanto a Veloso como a Rochemback. Mandão na sua zona, inteligente a apoiar e sem medo de entrar. Ao contrário, o brasileiro, Roca, tem jogado a nível fraco e com influência, pela negativa no jogo de equipa. Tanto a defender (as desconcentrações do 1º golo na Luz repetem-se com frequência) como a atacar, Rochemback tem jogado pouco, e exige-se mais. Aliás como se exige aos outros.

Como Izmailov e Vukcevic, Derlei e Postiga, que sabem que têm que render ou perdem o lugar. Até porque Yannick, Romagnoli querem jogar. Moutinho teve febre, ficou só em 3º na história de jogos consecutivos no Sporting (atrás de Carlos Gomes e Eurico). Portanto o capitão estará na recepção ao Benfica no próximo sábado. A equipa por mim escolhida: Patrício (em dúvida); Pereirinha, Carriço, Polga e Veloso; Adrien, Izmailov, Vukcevic e Moutinho; Yannick e Liedson.

Quando, após Vukcevic ter desmarcado de forma sublime Postiga, que com um arrogante chapeuzinho conquistámos a vitória convenci-me que desta vez a sorte estava por nós. Mas os golos perdidos (Yannick e Liedson) acabaram por não dar a verdadeira expressão ao resultado.

Sobretudo no dia seguinte continuei a ver a sorte estar do lado do Porto (sofreu até ao fim) e do Benfica que já no limite derradeiro dos “descontos” viu o Paços a falhar um tiro ao golo que bateu com estrondo no poste. A Liga vive-se cada jornada. E a intensidade, a responsabilidade, a ambição e, sobretudo a humildade do colectivo são os parâmetros que estão em jogo. Em jogo está o título e único lugar directo à Champions. Já em Alvalade, sábado à noite. E tenho esperança que a sorte esteja por nós.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Querer e não poder...

Concordo na íntegra com Paulo Bento: o Braga ganhou porque foi melhor equipa. Sem espinhas, mesmo com dúvidas nalgumas decisões da arbitragem. É verdade que os bracarenses tiveram mais lances de golo, estrangularam sempre as iniciativas dos leões, e com a bola nos pés, trocavam-na com ritmo, com certeza de passe, cercando a área do Sporting, confirmando o jogo que tinham feito na Luz, onde o seu domínio foi ainda mais evidente e também que são, no momento a melhor equipa da Liga.

O resultado foi a desilusão dos sportinguistas que esperavam mais. É certo que por perder não significa que se jogue mal, e o Sporting não foi uma equipa fraca. Começou dormente, displicente, anestesiado pela personalidade da equipa do Minho que já na 1ª volta não tinha merecido perder. Sem espaço, jogadores estáticos, obrigado a falhar passes e as respectivas perdas de bola, a equipa andou perdida. Rochemback continua a ser o problema. Tendo sido aposta do treinador este não desiste dele, mas é evidente que neste momento, a sua titularidade é prejudicial. Na parte final antes do intervalo, houve um despertar, mas os cruzamentos de Pereirinha embatiam, invariavelmente, nas pernas dos adversários. Ao intervalo, o empate era feliz para o Sporting.

Miguel Veloso (aplaudo a atitude do plantel para o “recuperar”) aqueceu e todos pensámos na troca óbvia: sai Rochemback; Paulo Bento quis surpreender (?) e colocou-o a lateral (por troca com Caneira). Re-iniciámos melhor, mas como acontece frequentemente, o Braga marcou, na ressaca de um canto, num golo confuso. Foi bonito de ver a reacção leonina, que se libertou e se lançou com denodo á procura do golo. Izmailov, Vukcevic (no ataque) criavam alguma esperança. Antes do golo de Derlei, só por uma vez, num livre de Rochemback, pairou a sensação de golo.

Com o empate, todo o estádio acreditou e motivou a equipa a fazer o seu melhor período. Infelizmente aqui a sorte não esteve connosco. O Braga (que parecia satisfeito por segurar o empate) chegou ao golo num contra-ataque (numa jogada que nasce numa recuperação em falta óbvia, apanhando o Sporting em contra pé) que gelou todo o Universo! Faltavam 9’ para acabar. Para completo desespero nem chegaram a passar 3’ e o Braga fazia xeque-mate: 1-3.(a bola parece entrar na baliza, mas as dúvidas nem na televisão são desfeitas).

As respostas de Paulo Bento aos golos contrários mostraram alguma limitação (querer e não poder): após 0-1, sai Pereirinha (desperdiçou uma oportunidade para se fixar a titular) para entrar Tiuí, o longilíneo avançado que ainda teve algumas oportunidades que não concretizou (Vuk recuou). No 1-2, fez sair Abel (em baixo de forma) e entrar Pedro Silva! O Braga mostrou mais opções (Matheus e Mossoró), apresentou-se sempre serena e forte, uma bela equipa. No final ainda o alento de reduzir para 2-3 por Izmailov.

O jogo era de extrema importância, e cada jogo, a partir de agora, aumenta enormemente a pressão. Não ganhamos há três jornadas, felizmente deu empate no Dragão e nada está perdido. Continuamos a querer ser campeões. À imagem de Carriço que está imbatível e promete ser um “monstro” na defesa. Brevemente estará na equipa Nacional. Próxima batalha, Restelo. E regressa Liedson…

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Era uma cabazada...

Como habitualmente, quando o Sporting ganha é porque os outros são fracos, jogaram mal ou o jogo era "feijões". A realidade é que a equipa de Alvalade dá sempre tudo para ganhar em cada jogo, em cada competição. E faz uma gestão eficiente do plantel, de forma a que os normalmente suplentes não se notam quando jogam a titulares. E a meia-final da Taça da Liga (Carlsberg Cup), desvalorizada pelos portistas, foi, na verdade, uma excelente oportunidade para comparar 2ªs linhas de uns e de outros (lembro que as "sonantes" contratações do FC Porto, pelo menos nos seus ordenados estiveram lá todos) e a conclusão foi evidente: a superioridade dos leões, mesmo sendo infeliz na 1ª parte merecia melhor resultado. 4-1 soube a pouco.

Opiniões que tenho ouvido, deixam-me boquiaberto: o Porto controlou inicialmente, chegou com naturalidade ao golo e esteve perto do 0-2!! De facto, o futebol presta-se a interpretações muito variadas. Só uma equipa desde o apito inicial quis ganhar o jogo. O Sporting agarrou a iniciativa, empurrou o Porto, sem no entanto criar situações de golo, embora rematando sempre. Depois, um "golo à traição" com responsabilidades próprias), dava ao Porto uma vantagem imerecida, causando intraquilidade sportinguista, perante um "autocarro" à frente da área (no pior sentido da expressão), marcando o pior período do Sporting (cerca de 10').

Mesmo com o ambiente desmoralizador de Alvalade, a equipa teve forças para reagir e acaba a 1ª parte em grande nível, com jogadas de golo (Postiga completamente ineficaz), Moutinho, Vukcevic e Romagnoli podiam ter empatado, antes do golo (penalty duvidoso) que estabeleceu o 1-1 ao intervalo.

A 2ª parte começa com outro penalty (Pedro Emanuel, passou-se?!) e o Sporting a virar, com todo o mérito, o resultado. E a equipa respirou bom futebol, com jogadas de finalização a aparecerem regularmente. Derlei entrou e foram dele os mais bonitos golos da noite; 0 3-1 com magnífica assistência de Vukcevic, e o quarto após uma bela combinação Pereirinha / Izmailov. Com franqueza o resultado podia ter sido uma "grande cabazada". Segundo "A Bola" o Sporting teve 11 remates de perigo (contra 2 do Porto) em 18 remates.
Um bom jogo de equipa com Adrien a encher o campo, fazendo a melhor exibição que lhe vi, Moutinho com momentos mágicos (e já vai em 94 jogos consecutivos); aplaude-se o regresso da dupla Polga - Tonel (com Carriço a descansar) e boa nota para Izmailov (escandalosa perdida no final), Derlei, Vukcevic e sobretudo o destaque para Pereirinha que tem tudo para ser titular; rápido, inteligente, técnica a fazer lembrar P. Barbosa, e também bem na cobertura defensiva. Abaixo da média só Grimi e Postiga que têm que fazer mais. Vamos encontrar o Benfica na final, o que já valeu 600 000€, para acabar uma bela campanha (4 vitórias, 13 golos marcados) nesta Taça que queremos ganhar.
Na Liga Sagres, desperdício de pontos irritantes. Nacional na Madeira e na Trofa tivemos a vitória ao alcance, mas não fomos minimamente eficazes. Liedson lesionado, Veloso com mais um caso, Paulo Bento tem um grande desafio nos próximos jogos: Braga, Restelo, Benfica e Dragão. A luta continua.