RIP Estoril
A confirmação da morte anunciada do Estoril-Praia é, para mim, mas também para todos os que gostam de futebol, uma triste notícia.
Como morei, durante a minha infância e juventude, na "Linha", ganhei uma certa afectividade aos canarinhos. Vi alguns jogos na Amoreira.
(Recordo-me de um em particular, ainda puto, em que no final do jogo me consegui esgueirar até à porta dos balneários e estive a conversar com Malcolm Allison. O Sporting, nesse jogo, tinha-se sagrado campeão nacional, e os jogadores estavam em festa. O trio de ataque dessa equipa de 1982, que também venceu a Taça, era constituído por Jordão, Manuel Fernandes e António Oliveira. Que luxo. Que futebol. Que saudade.)
O Estoril era um clube com longas tradições no futebol português. Nos últimos anos, foi tomado de assalto por uma "tropa fandanga" ligada ao Benfica. O capital da SAD é detido (80 por cento?), por José Veiga, que assistiu à lenta agonia do clube à distância e (segundo actuais dirigentes) de braços cruzados. Parece que o jogo que os canarinhos aceitaram disputar no Algarve, em nome da receita - e que acabou por ditar a descida de divisão da equipa - não valeu de nada.
Este é um filme que vai continuar. Muitos clubes vão-se aguentando com balões de oxigénio e com a ajuda da divina providência, mas algo terá que ser feito. Agora foi o Estoril. Antes já foram o Campomaiorense, Farense, Salgueiros... Qualquer dia pode ser o Setúbal, Ovarense ou tantos outros pelo País fora. Alguém acuda...
8 Comments:
E não será melhor que estes clubes acabem já que não têm meios de sustentar uma equipa profissional de futebol. Não será isto preferível à alternativa de serem sustentados pelas autarquias ou outros expedientes. Não serão todos este "óbitos" uma boa noticia.
css
Caro CSS (as iniciais são familiares..)
A maioria dos clubes são-me, admito, totalmente indiferentes.
Mas o desaparecimento do Estoril ou a hipótese do fim do Vitória de Setúbal, por exemplo, são necessariamente más notícias para quem gosta de futebol.
Sabe, no fundo, sou um sentimental.
Claro que não quero que o erário público sustente equipas profissionais da bola.
Não tenho fórmulas mágicas para resolver este problema, mas lamento que isto esteja a acontecer.
É justamente esse o propósito deste post: registar o facto e lamentá-lo.
Acho que é triste. Mas a sobrevivência dos clubes (da maioria), com receitas diminutas, é claramente uma questão de tempo. O tempo das gordas receitas televisivas está a acabar, bilheteira é ridículo, quotizações nem chega para um jogador profissional, publicidade e marketing nestes clubes não há. O tempo fará a sua selecção, e as equipas solventes ficarão. E é a única maneira. Ouço agora que ainda pode haver solução, mas J. Veiga interferiu. Há falta de clareza...
Não julgo que a insolvência de certos clubes seja um mal por si só. Evidentemente que uns clubes metem mais pena que outros, por serem mais históricos, ou mais simpáticos. Mas acima de tudo penso que, como em tudo na vida, a selecção natural deve ser efectiva e não se deve subsidiar indefinidamente o que não tem condições de continuar.
A solução está, como já aqui escrevi numa posta, na reformulação dos campeonatos nacionais - menos clubes, melhores clubes: mais competitivos, mais interessantes, mais viáveis.
Não é com assistências de 500 pessoas na Superliga que os clubes se aguentam. Não há outra forma.
A solução é tornar o futebol um negócio rentável, como todos. Mas quando se percebe que o primeiro objectivo dos clubes é deitar abaixo outros em vez de tentar fazer um bom campeonato (com menos equipas), baixar os preços, rentabilizar a publicidade e o merchandising, numa palavra tornar o futebol um espectáculo que gere receitas para todos. Porque é que a FIFA, a UEFA, os campeonatos de Inglaterra, Espanha, Itália dão tanto dinheiro ?
Os clubes fazem lembrar, em certo sentido, os partidos. Não se preocupam com o desenvolvimento do país, apenas em ganhar ao outro.
Saúdinha
A expressão "RIP" não leva pontos entre as letras.
Caro anónimo: ora aí está um assunto interessante!
Levará pontos ou não? Essa é que é a grande questão, the big question. Acho que nem vou conseguir dormir hoje, pensando nesse mundo novo que se acaba de revelar: RIP é, afinal, sem pontos pelo meio! Mas claro, agora tudo bate certo. Muito obrigado, meu caro anónimo! A propósito, onde é que aprendeu isso? Pode divulgar as suas fontes, a sua riquissima bibliografia? Em que livro do Lucky Luke está RIP sem pontos?
Assim como assim, tem razão o anónimo.
RIP é o acrónimo do latim Requiescat In Pace (descanse em paz) e não leva pontos.
Obrigado ao anónimo pela chamada de atenção. Já vai corrigido no título do post.
Rantas, é no "Dalton City". ;-D
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