segunda-feira, janeiro 02, 2006

Centenário. Parte I



Francisco Stromp foi o primeiro ídolo do Sporting. O seu comportamento em campo e a total disponibilidade, a qualquer hora, para tudo o que estivesse ligado à actividade ou ao clube, fizeram do seu nome uma referência intemporal, a que um trágico destino empresta os contornos da lenda. Unanimemente considerado o símbolo do desportivismo e da dedicação sportinguista, Stromp representa aquilo que de melhor o futebol tem para dar em energia e empenhamento. Como escreveu Artur José Pereira, “Chico era o Sporting, o Chico era tudo”.

Hoje como sempre, o seu nome aparece ligado a iniciativas e eventos de grande prestígio. Foi chorado por companheiros de equipa e adversários que nele viam o exemplo completo do desportista íntegro e dedicado. Ninguém, por ocasião da sua morte, poupou elogios ao recordar a sua figura. Porque, nas palavras de Salazar Carreira, “Um observador perspicaz leria tão claramente os destinos do Sporting no olhar, na fisionomia, no espírito de Francisco Stromp como nos próprios arquivos da secretaria”.

Moradores do Largo do Intendente, nº 24, os pais de Francisco Stromp – o médico Francisco dos Reis Stromp e Elisa Lima de Oliveira Roxo – personificavam o protótipo da família burguesa do final do séc. XIX. Tiveram 6 filhos: Octávia, José, Francisco, António, Mário e Helena. Recebiam visitas frequentes de tudo o que era intelectualidade lisboeta, especialmente ligada à música, pois Francisco dos Reis Stromp era um melómano com gosto musical apreciado pelo próprio Viana da Mota, que escutava as suas observações com atenção considerando sempre poder delas colher grande proveito. As crianças cresceram, pois no ambiente considerado “artístico” e no lema de “mente sã em corpo são”.

Era Francisco ainda pequeno, e enfermiço, quando os colegas do pai lhe aconselharam o ar do campo. O médico muda-se então do Intendente para o Lumiar, onde, na época, não existiam senão moradias e quintas. Vivem inicialmente no nº 17 da Estrada da Torre e depois no nº 28: A Villa Maria Thereza (onde hoje está o colégio São João de Brito. Foi no Lumiar que os jovens Stromp travaram amizade com os Gavazzos e os Alvalades, moradores da zona. Ainda no principio da adolescência, José, Francisco e António ingressaram no Campo Grande Football Club. Na época, apenas José tinha crescido o suficiente para já jogar com os adultos. Mas as fotografias de grupo mostram os três irmãos como membros do clube e participantes nas actividades.

Como é sabido, grande parte dos componentes do Campo Grande Football Club deixaria este grupo para fundar, em 1906, o Sporting Clube de Portugal.
in "História do Futebol em Lisboa" de Marina Tavares Dias

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2 Comments:

Blogger El Ranys said...

Um centenário que não insulta a história nem a memória. Fiel à verdade. Somos diferentes. Viva o Sporting Clube de Portugal.

terça-feira, janeiro 03, 2006 2:36:00 da manhã  
Blogger João F.B.R. Simas said...

Veja uns postais de Sá Carneiro para José Stromp em http://ruadealconxel.blogspot.pt/2014/07/dois-postais-ineditos-de-mario-de-sa.html

quarta-feira, julho 16, 2014 7:47:00 da tarde  

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