Inércia defensiva não dá golos
Paulo Bento montou uma equipa que fez uma recuperação espectacular, permitindo ao Sporting lutar palmo a palmo pelo título, até à jornada 30, no jogo decisivo, contra o FC Porto, em que não se conseguiu superiorizar e cedeu o título. A estrutura da equipa privilegiou como 1ª prioridade a segurança defensiva, e o aproveitamento dos erros contrários. A verdade é que a equipa se habituou de tal forma a esta atitude (onde sobressaíram, os defesas Polga, Tonel e o trinco Custódio) que parece não conseguir mudar, quando é necessário marcar golos para vencer jogos. Ontem a primeira parte, à semelhança da semana passada, contra o Amadora, foi má de mais. Contra a Naval, que luta pela fuga à despromoção, em Alvalade, precisando de ganhar para alargar a distância ao Benfica (que tinha perdido 2 pontos) e quase assegurar a entrada directa na Champions, o Sporting passou os primeiros 45 minutos “esperando” que o golo surgisse, fazendo um futebol sem rasgos, repousado, sem stress, nem chama. O bem conhecido losango, com Romagnoli mais à frente, Custódio atrás e Moutinho e Martins na transposição, nunca foi capaz de criar perigo (excepção a um golo perdido por Carlos Martins, perto dos 30’), nem ataques pelas laterais. Jogo afunilado, com os jogadores resignados à marcação contrária, Abel e Caneira não subiam, e o jogo tornou-se enfadonho. A Naval utilizou todos os métodos tradicionais para queimar tempo e praticar anti-jogo, mas a responsabilidade de procurar a vitória era do Sporting, e muito pouco fez por isso. Falta de certeza no passe, um certo individualismo infrutífero e pouca objectividade na procura de situações de concretização. Uma nota para Romagnoli que tem criatividade, joga simples, mas parece não se enquadrar no sistema da equipa; tem de procurar mais a desmarcação para receber no espaço vazio; defende mal e só será titular, jogando a apoiar o ponta de lança, ou quando o sistema de losango for alterado. Ao intervalo a entrada de Nani (aposta firme na titularidade, na próxima época, se, entretanto não for vendido), e de Deivid melhoraram, substancialmente a produção ofensiva. Jogou-se sempre mais perto da área contrária e o golo seria uma questão de tempo, pensava-se… O facto é que não surgiu, algumas oportunidades foram desperdiçadas, e também não tivemos o benefício de penalty, que em duas jogadas, pareceram existir. Mais uma vez, toda a “experiência” de Sá Pinto veio ao de cima, após uma jogada de muito perigo, é assinalado fora de jogo (?), e o capitão leonino interpela o assistente, certamente, para o motivar a ser melhor árbitro; resultado, mais uma expulsão, o Sporting em inferioridade numérica e o final de carreira cómico-trágico para o Ricardo Sá Pinto, imortalizado pelo murro ao seleccionador da equipa nacional (Artur Jorge), aqui à uns anos… Tristezas! O risco assumido por Paulo Bento foi total, tirando Abel (forma em curva descendente) e avançando Douala, que entrou bem no jogo, mas quando já todo o estádio entrara em fase de desespero. No final, ainda Ricardo teve uma fífia que poderia ter dado golo aos da Figueira da Foz, o que faria tremenda injustiça ao resultado. Esta cerimónia para resolver a questão do 2º lugar é um mau prenuncio que temos que ultrapassar na próxima semana em Vila do Conde, num jogo de grande responsabilidade, já que o Rio Ave joga desesperadamente a permanência, pois perdendo estará, muito provavelmente condenado. Esperemos um Sporting que domine o jogo, e fundamentalmente, apresente a atitude de o querer resolver desde o apito inicial, ao contrário dos dois últimos jogos.
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