terça-feira, setembro 21, 2010

Bichano

O leão não rugiu na Luz. Afinal, foi mais tipo "bichano", um gatinho ronronate, que muito jeito deu aos lampiões. Não creio que o Sporting tenha um mau plantel, bem pelo contrário. Falta, é certo, um ponta-de-lança alto e matador, tipo Jardel, mas a equipa até é equilibrada e tem soluções. Faltam ainda extremos, mas o esquema táctico utilizado pelos últimos treinadores também os dispensa, Temos, aliás, dois bons laterais, bastante ofensivos, que cumprem a função de subir à linha.
Neste esquema táctico de Paulo Sérgio (em constante mutação), persiste um equívoco maior: a não utilização de um avançado para jogar ao lado de Liedson. Postiga ou Saleiro são as opções. Nenhum deles enche as medidas (pelo contrário), mas é preferível a sua utilização à de Yannick, que começou bem a época, mas regressa agora à habitual imprestabilidade. No limite, Paulo Sérgio pode até usar Simon ao lado de Liedson. Liedson sózinho é que não. Não resulta.
Outras mudanças talvez se comecem a impor: Nuno André Coelho é macio, tenrinho, e deixa-se "comer" pelos adversários com muita facilidade. Penso que o grande defeito de NAC é o posicionamento, melhor dizendo, a falta dele. Algo que, creio, se pode adquirir com a experiência. NAC é um bom valor, mas ainda não oferece a segurança fundamental a uma equipa como o Sporting. Dar nova oportunidade a Torsiglieri, que se portou bem em Lille, mas agora na sua posição de origem. Ou, até, utilizar Polga que, moralizado e em boa forma, é um excelente central. Só que, com esta última opção, ficam a faltar centímetros (um problema crónico dos plantéis do Sporting).
Creio que os regressos de Pedro Mendes e - com maior incógnita - de Izmailov virão dar maior consistência à equipa. Entretanto, Maniche tem de ir cedendo, de quando em vez, o lugar a Zapater. Quero vez este último a jogar mais minutos, porque me parece ser uma boa solução.
E a João Pereira, o que lhe aconteceu na Luz? Que raio de "apagão" ofensivo sofreu? Abel está à espreita e não desperdiçou a oportunidade que lhe foi dada em Lille.
O próprio Liedson começa a deixar de ser "incontornável".
Matias e Valdez continuam a prometer muito e a cumprir pouco. A paciência vai-se esgotando.
Há que dar mais, jogar mais, retribuir mais aos sportinguistas. Neste momento, para mim, o único indiscutível titular é Carriço, símbolo de garra e dedicação. Patrício tem Hildebrand à espreita. Acho que o português deve manter a titularidade, considero-o um óptimo guarda-redes, mas não pode dormir à sombra da bananeira.
Esta foi uma pequena análise às opções do treinador. Quanto à mentalidade da equipa (do clube?), como sócio sofredor, daqueles que estiveram 18 anos sem ganhar nada e continuaram a pagar quotas e a ir ao estádio, deixo esta mensagem: não é, nunca será, para mim, normal, perder na Luz ou em qualquer outro campo. O Sporting, na minha visão, ganha sempre, sem desculpas. Nem árbitros, nem orçamentos, nem azares. O Sporting tem sempre a obrigação de ganhar. Este é o espírito obrigatório de quem se preza de ser leão. A realidade é outra coisa. Mas o espírito é imutável.