Caminho da Glória
Faltou a última bola, o derradeiro passe, a jogada que isolaria para que o golo acontecesse. Mas a vitória esteve sempre a rondar. Aliás, digo desde já que também podíamos ter perdido.
Foi o nosso losango, o jovem miolo, que conquistou o domínio do jogo durante a maior parte do tempo. Com agressividade e velocidade, típicas da dinâmica da equipa, cedo calámos o Allianz e fomos cercando a baliza de Kahn nlgumas vezes, aos 13’, aos 26’ e também no final da 1ªparte. Razão absoluta tinha el Ranys quando “chamou” o capitão Custódio ao onze inicial. Equilibrando a zona da posse de bola e sendo um tampão de segurança para a muralha defensiva, Polga e Tonel, Custódio fez diferença, tornando a vida mais dificil para Veloso. Martins constantemente com muito jogo mas compensando isso com falhas frequentes. Paredes passou incógnito (e começa a ser uma incógnita a aposta nele para a titularidade) e, foi Moutinho, o gigante, que repartiu as despesas do jogo, conseguindo que a bola estivesse mais tempo no campo adversário. Os laterais estiveram fantásticos. Tello na esquerda, a fechar muito em cima, na dobra, e também no apoio ao ataque. Está de pedra e cal na equipa, uma surpresa após 6 épocas (está na 7ª). Caneira é um jogador que joga e define com o seu desempenho, a experiência que se torna fundamental. Polga fez um jogo impecável. Ainda a imagem da sua jogada que ofereceu o remate bem na área a Alecsandro ao cair do pano. Embora todos esforçados, foi o ataque que não conseguiu exprimir em lances mais incisivos o volume de jogo ofensivo. Liedson teve duas oportunidades e teve medo de falhar(?); deu-me essa impressão. Yannick, sempre esguio mas com sucessivas percas de bola, bolas fáceis, infantis.
Claro que o Bayern também jogou para ganhar. O seu treinador havia lançado o desafio: ganhar marcando, no mínimo 3 golos. Não foi superior ao Sporting, mas teve, talvez maiores ocasiões de desfazer a igualdade. Fortes fisicamente, à vontade nos passes longos, desmarcações fulminantes para as costas da defesa, o Sporting sofreu também; foi um jogo que se assistiu sempre com o nervoso miudinho, do tudo pode acontecer a qualquer altura. Grande jogo. E é isto que devemos exigir. O resultado fica, mas para o alcançar só podemos jogar como até aqui, pois é assim que se obtém vitórias. Parece mentira, pois os leões vão com 4 jogos seguidos sem ganhar, e no entanto, quem não considera que em todos eles (Bayer e Porto em Alvalade, Aveiro e agora na Baviera), os podíamos, os devíamos, tê-los ganho?
Ao intervalo entrou Nani, o sacrificado foi C. Martins. O ritmo baixou um pouco, mas por pouco tempo, e foi bonito de ver o à-vontade e tranquilidade que agarrámos o jogo. Finalmente Paredes deu lugar a Farnerud, participativo. Alecsandro substituiu Yannick completamente esgotado.
E a um quarto de hora do fim, numa rara arrancada de Nani, travada em falta, Moutinho, ia atingindo a glória: livre perfeito, estrondo na barra, com Kahn paralisado de terror. Até ao fim ainda jogadas de aflição em ambas as balizas.
Por último, reforçar a confiança à equipa, toda ela, todos os 23 jogadores, o treinador Paulo Bento, Pedro Barbosa e a direcção, Ribeiro Teles e Soares Franco. O caminho foi traçado há muito, e, com os tropeções normais, o Sporting vai seguindo o seu caminho. A Glória ainda pode vir longe mas o caminho é este.
Na qualificação fomos passados para 3º. O Inter foi ganhar a Moscovo (marcou ainda antes do primeiro minuto) e tem agora 6 pontos. Nós temos 5. O Spartak apenas tem 1, enquanto o Bayern já conta 10. Não está fácil, nem nunca o foi. Nem para o Sporting nem para os italianos. O próximo jogo em Itália poderá ser a chave, para o bem ou para o mal.