O leão sofreu, de uma assentada, dois rudes golpes na sua majestade.
Primeiro os trolls, depois os spartako-moscovitas, vieram a Alvalade demonstrar que o sonho não comanda a vida.
Com a vitória de pré-época ante o Benfas e, depois, com o épico triunfo frente ao poderoso Inter, a que se somaram dois bons jogos contra o Bayern Munique, os sportinguistas sonharam que já tinham uma grande equipa de futebol. Viamos já nos Moutinhos, Nanis, Yannicks, Velosos e demais, promessas de possíveis "champions league winners". Doce engano.
Os recentes desaires vieram colocar as coisas em seu devido lugar: o Sporting tem muito trabalho pela frente. Trabalho de formação de uma equipa, trabalho de recuperação física e moral dos jogadores, trabalho de reconquista da confiança dos adeptos. Trabalho, trabalho, trabalho. É nisso que devemos insistir. O caminho há muito está traçado: com a aposta num jovem treinador (nessa condição, mais um produto da Academia), desenvolve-se um grande esforço de dar a jogadores muito novos estaleca competitiva e internacional. Não se equeçam: Paulo Bento nunca tinha participado numa Champions como treinador. A maioria dos jogadores (as excepções serão, creio, Paredes e Farnerud) também não. Só captando os melhores jovens, formando-os, dando-lhes experiência e MANTENDO-OS o Sporting alcançará o sucesso.
Atirar agora a toalha ao chão, clamar por cabeças que devam rolar, inflectir a estratégia, desatar a comprar jogadores em Dezembro, vender as mais fortes pormessas, tudo isso será um erro.
O plantel é curto e não permite grandes rotatividades. A saída das competições europeias tem, como factor positivo, acabar com esta tentativa de Paulo Bento de pôr a jogar quem ainda não provou merecer.
A partir de agora, devem jogar só os melhores, e quem não está em forma, procure-a nos treinos e no banco. Ricardo à baliza, Caneira na esquerda defensiva, Tonel e Polga, Abel à direita. Custódio ou Miguel Veloso como trincos. João Moutinho no meio, com Nani à esquerda e Carlos Martins à direita. Lá a frente, Liedson e Alecsandro. Não há que inventar.
Liedson arrasta-se em campo e já nada resolve? Pois que se troque por Djaló ou Bueno.
Carlos Martins não engrena? - Pois que se dê oportunidade a Farnerud ou João Alves.
Nani julga que é vedeta e só faz merda nos últimos jogos? Tello, em grande forma, não enjeitará mais uma oportunidade para jogar.
Ainda sobram Miguel Garcia, Ronny, Paredes e Romagnoli, para além dos guarda-redes Tiago e Rui Patrício.
É isto. É curto. Não dá para milagres.
Quem mais falhou no Sporting, nesta época, foi Carlos Freitas. As aquisições nada trouxeram de novo, pouco valor acrescentaram. De facto, Farnerud, Paredes, Romagnoli, Bueno e Alecsandro são fraquitos. Ainda nem sequer conseguriam provar que merecem vestir as camisolas verdes e brancas com o leão ao peito. Se forem todos embora, não lhes sentirei a falta (tenho sempre uma réstia de esperança que me surpreendam, mas até agora...)
Noutras ocasiões, Carlos Freitas já provou que sabe. Este ano, até agora, falhou rotundamente.
E nem falo de ter deixado sair Rui Fonte, o mais promissor ponta-de-lança português, directamente dos escalões de formação para o Arsenal. Tem na renovação de Nani um grande desafio.
As principais desilusões que sinto com os jogadores têm a ver com Liedson, que nada tem resolvido e falha quando antes tal seria impensável; Nani, que pensa que é uma estrela quando ainda pouco fez. Agarra-se à bola, tenta fintas que não saem, perde bolas, falha passes, cruza displicentemente...; Carlos Martins é, será sempre, um "caso". Que tem futebol que chegue, lá isso tem. Mas aquela cabeça, aquela atitude...
Quanto a Paulo Bento, mantenho nele toda a confiança. Espero que abandone agora a ilusão de que tem um plantel que permite "rotatividades". Não tem. É forçoso que se concentre, com os seus adjuntos, na recuperação de Liedson e de Nani, jogadores que podem ser a chave deste Sporting. Quanto ao resto, já disse lá em cima: nada há para inventar. Jogam só e sempre os melhores.
O próximo jogo, em Setúbal, é para ganhar. Nada mais pode acontecer. Para que esta equipa tenha um futuro de glória. Daqui a dois, três anos, mantendo as jovens promessas, recuperando os melhores, despachando os que não fazem nada, comprando um ou dois de real classe. Força Sporting.